Ícone do site Sertao Online

Comissão de ética em pesquisa recomenda manutenção de teste com CoronaVac

A suspensão dos testes causou supresa e irritação

O descontentamento existe porque os pesquisadores não relacionam o suicídio a qualquer efeito adverso relacionado à pesquisa

Responsável pela avaliação ética de pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil, a Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) também foi comunicada sobre a morte de um voluntário que testou a CoronaVac, a vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Diferentemente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a entidade recomendou a continuidade dos testes.

Para que uma pesquisa científica seja feita no Brasil, é preciso de autorização tanto da Anvisa quanto da Conep, órgão ligado ao CNS (Conselho Nacional de Saúde), sob o guarda-chuva do Ministério da Saúde.

Enquanto a Conep tem por foco proteger quem participa da pesquisa, a Anvisa busca salvaguardar quem vai consumir o produto pesquisado. Sem a aprovação de uma entidade ou de outra, os testes não podem continuar.

O comunicado Assim como a Anvisa, a Conep foi comunicada na última sexta-feira (6) sobre a morte de um voluntário de 32 anos. Ao receber a informação, a Conep pediu uma audiência com representantes do Instituto Butantan, o que ocorreu ainda na sexta por videoconferência.

“Pelo que nos foi relatado, a causa da morte não tinha relação com a vacina, mas pedimos um conjunto de documentos”, explicou ao UOL Jorge Venâncio, coordenador da Conep.

“Ainda falta receber tudo para ter uma documentação completa, mas não é caso de pedir suspensão porque a possibilidade de não ter nada a ver com a vacina é gigantesca,”, disse Jorge Venâncio, coordenador da Conep.

Venâncio diz que quando muitas pessoas participam de testes “coisas de todo o tipo acontecem”. “O cidadão pode ter uma crise de apendicite, por exemplo. É um evento grave que nos é notificado, mas que não tem nada a ver com a vacina”, afirma.

Entre os documentos já apresentados, há uma série de exames relacionados a um check-up feito recentemente por iniciativa do voluntário que indicaria que sua saúde estava em bom estado.

Além disso, passaram-se 24 dias entre a data em que o voluntário tomou a segunda dose da vacina e sua morte, em 29 de outubro.

“A atuação da Conep e da Anvisa são paralelas e simultâneas”, explicou. “Toda pesquisa tem de ter a aprovação de um e de outro.”

Suspensão dos testes A morte que causou a suspensão dos testes da vacina CoronaVac foi o suicídio do voluntário, segundo apurou o UOL. O boletim de ocorrência, obtido pela reportagem, registra o caso como “suicídio consumado”.

A suspensão dos testes causou surpresa e irritação em autoridades de saúde em São Paulo, que classificam a decisão de “desleal”.

O descontentamento existe porque os pesquisadores não relacionam o suicídio a qualquer efeito adverso relacionado à pesquisa. Eles afirmam que o caso vinha sendo tratado de forma técnica por cientistas da Anvisa, e que por isso estranham a mudança repentina de comportamento. A avaliação é de que a notícia da morte chegou ao conhecimento de pessoas com interesse não científicos, que teriam usado o caso para criar um fato político.

No início da tarde de hoje, o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, garantiu que a decisão do órgão foi técnica e que os documentos enviados pelo Instituto Butantan sobre o “evento adverso” estavam “incompletos” e “insuficientes”.

Wanderley Preite Sobrinho
Do UOL, em São Paulo

Sair da versão mobile