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Um quarto da população não terá vacina contra Covid-19 até 2022, diz pesquisa

Um total de 51% dessas doses serão destinadas a países de alta renda, que concentram 14% da população mundial

Um estudo publicado nesta terça-feira (15) na revista científica “The BMJ” coloca em números o desafio de garantir acesso às vacinas contra a Covid-19 e sinaliza que, mesmo em um cenário otimista, a produção de imunizantes já prevista deixará, ao menos, um quarto da população mundial sem vacinas até meados de 2022.

Apesar dessa previsão, os pesquisadores Anthony D. So e Joshua Woo, da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, alertam que a projeção está baseada na hipótese de que todos os desenvolvedores terão sucesso nos testes e conseguirão manter o ritmo de produção.

E para que “apenas” um quarto da população mundial fique na fila para ser atendida com a produção prometida para a partir de 2022 é preciso que, além do sucesso nos testes, fabricação e distribuição, países que fizeram reserva de doses acima da quantidade necessária para a sua população redistribuam estoques.

Encomendas já feitas
Até 15 de novembro, os países reservaram um total de 7,48 bilhões de doses. Considerando que a maioria das vacinas precisa de duas doses, o total é suficiente para imunizar 3,76 bilhões das cerca de 7,5 bilhões de pessoas na população mundial.

Anthony D. So e Joshua Woo explicam que os compromissos de compra reunidos pelos pesquisadores foram assinados com 13 empresas desenvolvedoras, de um total de 48 vacinas candidatas em testes clínicos.

Um total de 51% dessas doses serão destinadas a países de alta renda, que concentram 14% da população mundial, de acordo com os pesquisadores.

De acordo com os pesquisadores, se todas as vacinas candidatas tiverem sucesso, a capacidade total de produção pode ser suficiente para imunizar 5,96 bilhões de pessoas até o fim de 2021, com os preços oscilando entre US$ 6 (£4.50; €4.90) a US$ 74 para cada pessoa imunizada.

De acordo com o estudo, até 40% das imunizações podem potencialmente ficar com países de baixa e alta renda. Entretanto, a taxa dependerá, ao menos em parte, de como os países ricos compartilharão suas encomendas e se EUA e Rússia participarão dos esforços globais.

“O estudo mostra um cenário de como os países ricos asseguraram suprimentos futuros de vacina contra a Covid-19, mas o acesso para o resto do mundo é incerto”, escrevem os pesquisadores.

“Governos e empresas poderiam fornecer garantias necessárias para distribuição equitativa das vacinas com mais transparência e prestação de contas sobre esses arranjos.” Os pesquisadores mostram que alguns países, como o Canadá, conseguiram reservar vacinas suficientes para vacinar quase cinco vezes a população do país.

Situação no Brasil
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, diz que o Brasil tem 300 milhões de doses de vacinas asseguradas, à espera da conclusão dos testes e de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Como são vacinas que exigem duas doses, o total atenderia cerca de 150 milhões de pessoas (cerca de 70% da população).

Dessas 300 milhões de doses, segundo o ministro, 260,4 milhões são do laboratório AstraZeneca e da Fundação Oswaldo Cruz (100,4 milhões no primeiro semestre e 160 milhões no segundo) e 42,5 milhões de doses do consórcio internacional Covax-Facility.

O Brasil ainda avalia comprar 70 milhões de doses da farmacêutica Pfizer.

O governo federal não cita em seu planejamento a CoronaVac, da chinesa Sinovac e que tem parceria com o Instituto Butantan. São 46 milhões de doses previstas.

A estimativa do governo é executar a campanha de vacinação em 16 meses a partir da aprovação das vacinas.

Por G1

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