O ministro da Educação, Milton Ribeiro, comentou o alto número de abstenções e sobre os estudantes que não conseguiram realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) durante visita a uma escola em São Vicente, no litoral de São Paulo. Em seguida, o ministro também foi a uma unidade de ensino em Santos, para acompanhar a saída dos alunos no segundo dia de provas, que acontece neste domingo (24).
“Por falha de planejamento, eles não vão ser prejudicados. Eles vão, de fato, ter a oportunidade de fazer a prova”, disse o ministro sobre estudantes que não conseguiram fazer as provas após a lotação de algumas salas.
Questionado sobre a abstenção recorde de estudantes na prova, Milton Ribeiro disse que o número era esperado, e comparou a outros anos. “Em 2009, nós tivemos 37% de abstenção. Não tinha pandemia, não tinha crise financeira, não tinha nada. No ano de 2019, nós tivemos 23% de abstenção. Então, era esperado uma abstenção”, declarou.
“Desse grupo, 550 mil eram treineiros. Nos últimos dias, tivemos recorde de inscrição de treineiros, porque a inscrição era de graça. Imagina o pai de um adolescente de 16 anos, vendo o que viram no Amazonas, 24 horas no ar. A mãe vai virar para o filho e falar ‘você é treineiro, não precisa ir’”, reiterou, ainda sobre as abstenções.
O ministro ainda citou que recebeu pedidos para adiar as provas, mas que também foram feitos pedidos para que o exame fosse realizado. Sobre o acesso à internet e dificuldades para alunos da rede pública, ele afirma que não houve injustiça.
“Vale lembrar que, desde 2012, nós temos uma lei que reserva 50% de todas as vagas das universidades federais para alunos oriundos de escolas públicas. Então, em outras palavras, não é uma injustiça que estamos cometendo ao fazer o Enem mesmo sem acesso à internet. É claro, sempre há perdas, mas os alunos de escola pública praticamente competem com alunos de universidades públicas. Nesse ponto, não há injustiça”, declarou.
O ministro passou pela Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professora Laura Filgueiras, em São Vicente, por volta das 15h30, acompanhado do prefeito Kayo Amado (PODE). Em seguida, foi ao Colégio do Carmo, em Santos.
Enem 2020
O primeiro dia de provas, no domingo passado (17), teve taxa recorde de abstenção: 51,5% não compareceram. Até aquela data, mais de 8 mil inscritos haviam tido o pedido aprovado para fazer a reaplicação, em fevereiro, porque estavam com diagnóstico comprovado de Covid-19.
A aplicação foi marcada por conta dos candidatos impedidos de fazer o exame, porque as salas estavam lotadas, mesmo com o recorde de abstenção. Por causa disso, a Defensoria Pública da União pediu, mais uma vez, a suspensão do exame deste domingo, mas a Justiça Federal manteve a prova.