Aos 38 anos, o lateral Daniel Alves vai jogar a primeira final olímpica na vitoriosa carreira. O jogador do São Paulo se vê próximo de mais uma conquista para sua extensa galeria de troféus – mais de 40 títulos – num papel de líder do grupo em Tóquio.
Contra a Espanha, o ex-jogador do Sevilla e Barcelona – que lembrou do carinho, amor e até a dupla nacionalidade que tem na Espanha- aposta em jogo de paciência para superar os rivais na decisão deste sábado, em Yokohama, a partir das 8h30 – horário de Brasília. Com muitos anos da carreira vivendo no país europeu, o jogador disse que é especial enfrentá-los na final.
“Para mim, de verdade, poder enfrentá-los é um grande prazer, uma grande honra. Estava até brincando com a galera, eu tenho um pedacinho do coração na Espanha, minha segunda nacionalidade é espanhola. Poder enfrentá-los por tudo o que vivi lá na minha carreira e como pessoa, é muito especial. Tenho um carinho e um amor especial por esse país”, contou o jogador.
Em ótima forma na Olimpíada, o jogador tem como meta final na carreira jogar a Copa de 2022, no fim do ano que vem no Catar. Ele disse que tudo passa pela preparação do time. Enumerou os verbos jogar, competir, focar, executar. Toda a concentração na grande decisão.
“Esse é nosso intuito, evidentemente respeitando o adversário, que tem uma qualidade especial e diferente, a qual eu pude acompanhar e desfrutar de perto. Estou aqui representando meu país. Tem que estar preparado, porque vai ser um dia difícil, mas especial por se tratar de uma final olímpica, por tudo o que envolve. Como por exemplo não ter a idade (olímpica), vir como extra e ter a confiança do estafe, da comissão, dos colegas de grupo. É uma responsabilidade que eu gosto, assumo e espero que nos preparemos bem. Será um dia duro de trabalho, mas especial, porque uma final, ainda mais olímpica, não se joga todo dia”, disse.
Título sub-20 em 2003 contra a Fúria
Saiu do pé direito de Daniel Alves o cruzamento para o gol de cabeça de Fernandinho, em 2003, na final do Mundial sub-20, nos Emirados Árabes. O adversário? A Espanha. Daniel Alves já jogava no Sevilla e recorda com carinho daquela partida, daquela geração.
Na época, o coordenador de base era Branco, tetracampeão do mundo, que está de volta ao comando da base desde 2019. Daniel lembrou da longeva parceria com o atual dirigente da CBF.
“Encontrar pessoas com o astral e a seriedade que ele tem pelo trabalho, o valor que ele dá ao grupo, é muito prazeroso, ainda mais aqui na seleção, trabalhando e não de férias, como já aconteceu. É muito mais especial e gostoso. Nós nos criamos aqui dentro também, aqui nos deu uma estabilidade grande no cenário. Ele sabe o respeito e o carinho que eu tenho por ele. Mas é outro momento, são quase 20 anos daquele feito que conseguimos com outros companheiros”, destacou.
A seleção brasileira treinou nesta quinta em Yokohama e ainda tem esperança de contar com Matheus Cunha. A provável escalação: Santos, Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Guilherme Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho; Antony, Richarlison e Matheus Cunha (Paulinho).
Daniel lembrou, claro, que são gerações diferentes tanto na Espanha quanto na seleção brasileira, outras circunstâncias. E um sonho único: conquistar a taça, dar a volta olímpica. A medalha de ouro.
“São jogadores diferentes, histórias diferentes, outra geração, por mais que ainda haja alguns “roqueiros”, que são difíceis de morrer. Mas no contexto geral é outra época. A paixão, a gana, a vontade de fazer grandes coisas no futebol é muito grande, torna esse jogo especial, o adversário torna esse jogo especial, o momento torna esse jogo especial. Precisamos encarar dessa maneira e desfrutar. Não serão muitos os que estão aqui e poderão jogar outra Olimpíada. É um momento especial e momentos especiais você precisa se preparar bem, viver com muita intensidade, porque eles não voltam. A nossa ideia é colocar tudo o que temos na alma, no coração e na mente nesse grande dia”, afirmou Daniel Alves.