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Para a pré-candidata ao governo, Gessy Fonseca, “tudo parte de uma boa economia”

Por Cândido Gomes e Marcelo Costa

Em 2020, a empresária Gessy Fonseca, liderou um movimento de microempresários do bairro Dirceu Arcoverde, na zona Sudeste de Teresina, que tiveram seus comércios fechados por conta da pandemia de Covid-19. Seu poder de mobilização e de liderança chamou a atenção de do Partido Social Cristão, que a convidaram para entrar na disputa pela Prefeitura de Teresina. A partir daí as surpresas não pararam de acontecer. Conquistou o terceiro lugar na corrida municipal, ficando à frente de políticos tradicionais. Pelo resultado, foi convidada a comandar a secretaria Municipal de Economia Solidária. A convite de seu partido, Gessy pretende mais uma vez surpreender nas eleições deste na disputa pela cadeira de governador do Piauí. Em entrevista exclusiva ao SERTAO.ONLINE, diz que não se abala pelo preconceitos e conta como deve agir para melhorar a condição de vida dos piauienses, caso seja eleita. Segundo ela, “a economia é a base de todas as mudanças”. Confira a entrevista:

Nossa primeira pergunta tem sido sempre a mesma para todos os nossos entrevistados que vão disputar o cargo de governador do Piauí. Quais seus atributos pessoais e desejos que lhe credenciam a ser a próxima governadora do nosso Estado do Piauí?

Comecei a minha vida pública há pouco tempo. A minha primeira disputa eleitoral foi em 2020. Disputei a Prefeitura de Teresina a convite do partido que hoje estou presidente no Estado do Piauí, que é o Partido Social Cristão. Naquele momento tive uma certa visibilidade pelo partido, por umas questões envolvendo o comércio, algumas insatisfações da classe empreendedora do Piauí, que não se sentia representada. A gente travou uma batalha com o ex-prefeito de Teresina na época por conta de algumas intervenções na avenida principal do Dirceu, que era onde eu era lojista, junto com muitos amigos também lojistas, e fomos ganhando força e chamando a atenção dos nossos governantes. E a partir daquele movimento fui tendo mais visibilidade. Então, o partido, vendo aquela garra, aquele espírito de liderança, de estar à frente daquele movimento, me fez um convite. Até o momento, eu não tinha tido nenhum contato com a política. Eu sou de uma família de comerciantes. O meu avô é comerciante, meu pai é comerciante de bairro. A minha mãe é dona de casa, então eu nunca tinha tido realmente contato com a política partidária. Minha vida sempre foi no comércio. Desde criança, eu praticamente nasci dentro de um comércio, sempre foi essa a minha vivência. Quando recebi o convite para disputar a eleição para a Prefeitura de Teresina, foi algo assustador. Porque não programei a minha vida para ser político, programei minha vida para ser empreendedora. Só que ali eu, juntamente com outros comerciantes, percebemos que nós não tínhamos, e ainda não temos, representantes da classe empreendedora. Por que são realmente os empreendedores, os empresários, os comerciantes é que levam o Estado nas costas, somos nós que pagamos a maior parte dos tributos e dos impostos. Somos nós que empregamos as pessoas, e quando nós precisamos de representatividade, quando nós precisamos falar das nossas dores e procurar que nos represente, a gente não tem. Esse foi um dos maiores sensos de propósitos que me levaram a aceitar o convite da disputa. Por que? Porque eu teria maior visibilidade e eu teria um espaço que onde poderia levar essa minha indignação, que representa a indignação de muitas pessoas. E também apresentar propostas que de fato atendessem a necessidade da classe, não só empreendedora, mas de todo mundo, porque o empreendedor ele não só paga imposto, mas ele também emprega muitas pessoas. Ele gera emprego para muitas pessoas. Então, fui assumir a Secretaria Municipal de Economia Solidária depois da eleição e fizemos um trabalho exemplar à frente daquela secretaria. E já no início de 2021, as pesquisas já apontavam para o meu nome em terceiro lugar na pesquisa de Intenção de Votos do Governo do Estado, que foi algo que eu fiquei muito feliz de ver que não só por conta do recall da eleição de 2020, mas também pelo trabalho que nós executamos à frente da Secretaria Municipal de Economia Solidária. Então, o que me credencia, além de ter executado um trabalho, acredito que exemplar que de fato atendeu a necessidade ali do nano e do microempreendedor na Semest, mas também de entender a necessidade do Piauí hoje. Qual é o maior problema que assola o Piauí hoje? Não só o Piauí, mas o Brasil como um todo, mas o Piauí, em especial, o que a gente vê que o Piauí está não só parado economicamente, mas ele está regredindo. Precisamos de políticas que de fato apontem para o empreendedorismo, que incentive o desenvolvimento econômico. Quando a gente fala empreendedor, não estou falando só de grandes empreendedores, de grandes empresários, que geram 50, 100, 200 empregos. Mas eu estou falando daquele nano empreendedor de bairro, aquela mulher que fabrica o seu bolo para vender na porta da sua casa no final do dia. De um pai de família que monta sua barraca de espetinho para alimentar a família e com isso, também gera emprego para outras pessoas, às vezes até da própria família. Porque se ele monta alguma coisa para trabalhar, o filho ajuda a esposa, o irmão ajuda, um vizinho ajuda. É toda essa rede de desenvolvimento econômico que a gente se preocupa, não só com os grandes, logicamente. O Piauí teve uma queda muito grande no número de grandes empresas. Muitas empresas que, como por exemplo a Dudico, a Coca Cola, saíram daqui. Ou seja, foram empregos que deixaram de existir, foram famílias que deixaram de ter a sua renda, pais e mães de família que deixaram de ter como sustentar sua família. Então, de onde vem? De onde essas pessoas que hoje estão sem emprego vão conseguir voltar para o mercado de trabalho? Quem é o maior empregador? São as empresas, são os empresários, são os empreendedores. Então, hoje eu vejo que realmente a maior necessidade do Estado do Piauí é a economia, porque através da economia todos os outros setores são parados. Por exemplo, se você tem uma economia sólida no Estado, as pessoas vão ter mais qualidade de vida. Quando as pessoas estão trabalhando, o índice de desemprego diminui, a violência, consequentemente também diminui. Você viu que um dos fatores que ocasionou que foi aquela frase absurda – uma das frases mais absoluta que já ouvi no período da pandemia – que é primeira saúde, economia a gente vai depois. Então, como é que você vai ter saúde se você não tiver como ter uma alimentação de qualidade, se você não tiver como fazer uma suplementação vitamínica, se você não tiver como se quer comprar uma dipirona para tratar uma simples virose. O que foi que ocasionou a queda no número de desempregos? Com a queda no número de pessoas trabalhando, o aumento do desemprego, os pais e as mães de família tiraram os filhos das escolas particulares, levaram para as escolas públicas. As escolas públicas não estavam preparadas para receber essa quantidade de novos alunos. As pessoas que tinham plano de saúde tiveram que cancelar, ou seja, o sistema público de saúde ficou mais inchado e teve uma demanda muito maior e gera todo o ciclo. De onde vem o recurso para investir na saúde, na educação e na infraestrutura? Do pagador de imposto? Mas o pagador de imposto não está trabalhando, de onde vai o dinheiro para investir? Então, vai haver um desequilíbrio no funcionamento dessa máquina, e sempre quem sofre no final é a população. É aquele que tem a renda menor e aquele que, por consequência da ação desastrosa de alguns governantes, fez com que as pessoas perderam seus empregos.

Na disputa pela Prefeitura de Teresina a senhora apareceu como uma grande surpresa, surpreendendo, inclusive, os candidatos mais tradicionais. Aquele resultado também lhe surpreendeu ou foi tudo planejado? A senhora pensa em usar a mesma estratégia desta vez?

Me surpreendeu, e como eu já falei, eu não tinha o convívio da política. Realmente fui convidada. No momento em que eu jamais esperei ser convidada a disputar. E a primeira disputa para um cargo majoritário, a Prefeitura de Teresina. E lembro que no primeiro debate, quando eu cheguei lá que eu olhei e falei, Meu Deus, eu não sei meu nome desses candidatos, chamava de candidato, de candidata, mas eu fui com a verdade. Eu fui movida por um senso de revolta do que estava acontecendo, da falta de atenção que os empreendedores estavam tendo naquele momento, que eu estava passando. Como eu falei daquele embate que nós tivemos em relação ao Dirceu, posteriormente da pandemia, onde os empreendedores, os lojistas, o trabalhador como um todo foi impedido de trabalhar porque primeiro saúde, a economia veio depois. Mas aí o pai e a mãe de família não tinham como levar o sustento para dentro de casa. É revoltante ouvir muitos amigos, lojistas vizinhos que fecharam as portas, que não tinham mais como alimentar sua família. Eram pessoas que até antes vivia uma vida digna, que tinha ali o seu salário no final do mês, e ficaram sem trabalhar e assim não teve quem os amparassem. Se você fica em casa e não pode trabalhar, quem vai pagar a tua conta? Então, esse senso de revolta me levou para aquela disputa e eu fui falar. Tive um espaço para falar representando milhares de pessoas que queriam estar ali também, mas não tinha o espaço que eu tinha para falar. Então, assim, mesmo sem a experiência da política, mesmo sem ter a experiência dos demais que estavam lá, acho que eu era a primeira que estava disputando algum cargo ali no momento, até por causa da minha idade, eu disputei eleição com 29 anos. Mas fui com a verdade. Sabe quando você fala com o coração, quando você realmente mostra o senso de revolta e que as pessoas se identificam com isso? Eu acredito que esse foi, sim, o meu grande diferencial. Não teve marketing, na gestão de marketing, não tinha marqueteiro. Era simplesmente a Gessy, que foi convidada a representar pessoas que não tinha chance de estar ali.

Foi divulgado que pelo fato de a senhora desejar ser pré-candidata ao governo do Estado teria gerado um conflito com o atual prefeito de Teresina, e que por isso teria desistido. Essa informação é real? Se não, o prefeito Dr Pessoa já se manifestou para apoiar sua campanha?

Então, até onde eu sei, não existe nada nesse sentido, até porque a ideia da minha disputa para o governo do Estado partiu da Executiva Nacional, do presidente nacional, o ex-senador Marcondes Gadelha. Até o momento eu não tinha pensado realmente na disputa majoritária. Mesmo levando em conta que nas primeiras pesquisas para o governo, ainda em 2020, o meu nome já aparecia em terceiro lugar na pesquisa, que acho que saiu mais ou menos em março, abril. Então, isso também despertou nele esse desejo que eu encabeçasse uma candidatura majoritária. Quando eu recebi a proposta do presidente, inclusive, fui até o prefeito antes de ir a imprensa, mesmo, como eu sempre gosto de destacar que o meu acordo com o Dr Pessoa, foi um acordo de gestão. Eu não passei para o lado político dele. A Gessy sempre teve um grupo político chamado Partido Social Cristão. E aí eu estava apanhando muito na imprensa por conta disso. Até que um dia fui me manifestar: o meu acordo com o prefeito é de gestão. Eu sou secretária de Economia Solidária, mas não faço parte do grupo político dele. Ah, mas não tem como ser. Eu estou aqui pra provar que tem. E foi isso que aconteceu. Entrei sendo o Partido Social Cristão, fiz o meu trabalho e sai. Continuo sendo Partido Social Cristão, com a candidatura solo, com a carreira política totalmente solo. Mas mesmo tendo essa independência política, eu comuniquei ao prefeito por entender a hierarquia, e por ser secretária dele e para não ele ter que ficar sabendo isso através da imprensa. Então, procurei ele, perguntei o que o senhor acha? Inclusive perguntei para ele, se você perguntar para ele, ele vale afirmar, eu acredito que sim. E ele falou: “Olha, a disputa é muito pesada. O sistema é muito pesado, mas eu acho que você deve sim colocar o seu nome”. E aí sai de lá, dei entrevista e falei que existia a possibilidade real de disputar o Governo do Estado. E se divulga muito na imprensa que, por conta dessa disputa, o prefeito ficou chateado. Comigo ele nunca falou nada. Quando chegou a minha data de desincompatibilização, eu fui até a prefeitura agradecer ao prefeito, e ao vice prefeito. Peguei na mão dele, olhei no olho dele, disse muito obrigado por ter confiado essa missão a mim, e sai pela porta da frente. Foi um momento até muito emocionante. Algumas pessoas que trabalham ali do lado dele vieram, conversaram comigo, me parabenizaram pelo trabalho. Então, sai pela porta da frente. Agora, o que pode ter ocasionado uma insatisfação da parte dele, mas que nunca foi uma expectativa que eu tenha gerado pra ele, foi porque fui convidada pelo prefeito e pelo vice-prefeito para disputar candidatura proporcional a deputado federal pelo partido que eles estão presidente, que é o Republicano. Eu falei pra ele: prefeito, vice prefeito, eu tenho um acordo com o Partido Social Cristão desde 2021. Em 2021, eu fui convidado a assumir a presidente estadual do PSC. Então, eu não posso simplesmente chegar nessa altura e voltar com a minha palavra. Político, o que você tem é a palavra, e a tua palavra é algo precioso, se você não cumprir com o que você fala, se você não honrar com a tua palavra, vai honrar com o quê? E eu falei: olha, eu tenho um compromisso com o meu partido. Tenho um compromisso com presidente nacional e preciso honrar este compromisso. Eles me convidaram para assumir o partido e eu estou fazendo uma construção. Estou fazendo aquilo que eu acredito. Eles acreditaram em mim em 2020, e continuam acreditando. É tanto que me confiaram a missão de ser presidente estadual, e inclusive de dar a legenda para disputar uma candidatura majoritária. Então, eu não posso fazer isso. E nunca criei uma expectativa neles em relação a isso. Até porque os assuntos políticos entre o prefeito e as demais pessoas do grupo, eu nunca fui convidada, nunca participei de nenhuma conversa política. Mas então, de qualquer forma, eu não iria porque, como eu disse, eu tenho um acordo com o meu partido, mas da minha parte não existe nenhuma ranhura, não existe nenhum problema. Agora, se existe da parte deles eu já não sei.

A senhora pertence a um segmento religioso que tem crescido muito no país e também no Piauí. Nesse meio, o debate político é permitido ou não? É assunto que não faz parte dos encontros? Ou a senhora considera essas pessoas dos eleitores também?

Eu acho que não só é permitido, como é necessário. Por muito tempo os cristãos mais ditos evangélicos, protestantes, nós ficamos muito fora desse contexto político. E na pandemia ficou muito evidente porque a gente viu que não temos representantes também, é uma outra classe que não tem representante. Tanto que a igreja é um hospital de pessoas doentes, de doenças espirituais, e a igreja acolhe milhares de pessoas por dia, pessoas que estão passando por algum problema, que vão lá conversar com o pastor ou pedir conselhos com uma palavra de ânimo. E a igreja foi uma das primeiras instituições fechadas na pandemia, levando em conta a relevância, a importância da Igreja para a sociedade, não só a Igreja Cristã Evangélica, mas a Igreja Católica, enfim, de todas as religiões, eu acho que o direito ao culto, à religião, ele é um direito garantido por lei. Então, aí é esse debate político tem cada dia mais se transformado em uma realidade no meio cristão. E por que quando nós temos bons representantes, quando a Igreja tem bons representantes, que é preciso sim, ter essa formação política dentro da Igreja. Tem algumas vertentes religiosas que separam essa questão, política e religião não se discute. E eu acho que isso trouxe muitos prejuízos, inclusive para os cristãos. E eu acho que sim, o jovem, ele precisa ser educado politicamente dentro da igreja, e essa educação política é feita baseada nos princípios cristãos, no princípio da verdade, no princípio da legalidade, no princípio de que, quando o justo governa, que inclusive isso é uma passagem bíblica, o povo se alegra. Não só dizer que é cristão, isso não te credencia a absolutamente nada, porque falar todo mundo fala, o papagaio também fala. Mas realmente você ser um exemplo daquilo que a tua fé diz que tem que ser, você ser de fato aquilo que a Bíblia fala que você tem que ser, um cristão de verdade. E os cristãos precisam ter maior representatividade na política, sim! Mas, como eu disse, bem baseado nos princípios de fato da fé cristã.

A senhora acredita que sua experiência como secretária municipal de Economia Solidária será muito importante para uma possível de administração do Estado?

Sem dúvida nenhuma. Foi a minha primeira experiência como gestora e recebi muitas críticas quando eu assumi a Semest. Era: como é que pode uma candidata de 50 mil votos, terceiro lugar, foi o fiel da balança no segundo turno, vai para a menor secretaria, que tem menor recurso? E a resposta que eu dei para essas críticas foi: eu estou indo fazer o que eu sei fazer, que é gerar oportunidade de trabalhar, que é empreender, que é saber conversar de igual para igual, falar o mesmo idioma dos empreendedores. Tanto que a gente pegou uma secretaria que tinha um orçamento de 60 mil-ano, ou seja, não tinha orçamento, né? E conseguimos fazer um trabalho incrível num momento muito desafiador, de uma crise econômica, no meio de uma pandemia, onde estava todo mundo desacreditado, tanto da economia quanto também da ação do poder público, e fizemos um trabalho incrível no Banco Popular de Teresina. Nós concedemos 3.3 milhões em crédito, foi um marco na história do Banco Popular desde a sua fundação. O Banco Popular nunca tinha conseguido bater essa meta e nós conseguimos em tempo recorde. A gente também fez feiras e essas feiras trouxeram muita visibilidade para os nanos e microempreendedores, pessoas que foram forçadas a empreender porque perderam seus empregos, perderam sua renda e que a gente viu de maneira incrível essas pessoas se reconhecerem como empreendedoras, não só como alguém que estava ali sobrevivendo, como alguém que estava ali levando alimento para casa. Mas realmente, como empreendedor, alguém que tem importância na sociedade. Então, a gente conseguiu alcançar em torno de 1.200 nanos e microempreendedores. A gente levou essas pessoas para essas feiras, e as feiras tem também um papel muito importante no entretenimento da cidade. As pessoas gostavam muito quando a gente levava as feiras para o bairro, era uma forma também de conhecer um pouco mais sobre o artesanato local, sobre aquilo que é produzido também no polo cerâmico. A gente deu muita visibilidade para o polo cerâmico e isso foi bem importante. E esses empreendedores, eles, boa parte deles pegava o crédito no Banco Popular para comprar sua mercadoria, para poder expor e vender nas feiras. Também trouxemos recursos do governo federal, via Ministério da Cidadania, que foi 4.5 milhões, que foram dois recursos, um para o projeto de hortas pedagógicas, que é um projeto voltado para jovens que acontecem escolas. Esses jovens são remunerados durante 12 meses, recebem uma bolsa e eles vão aprender sobre agricultura, sobre pecuária, que é algo muito importante em nossos tempos. E a outra parte do recurso era para a construção de cisternas em escolas que têm dificuldade de abastecimento de água. Via Ministério da Cidadania, também trouxemos 5 mil cestas básicas, que foram doadas para famílias que estavam passando necessidade. Então, a Semest teve uma pesquisa em setembro. Ela ficou entre a quinta secretaria mais atuante da Prefeitura de Teresina. Então, isso mostra que não é só a quantidade de recursos que você tem, mas a vontade de fazer e a capacidade de fazer, entender de gestão e, de fato, trabalhar com amor. Porque quando você trabalha com amor, dá certo.

Enfrentar uma trajetória de uma eleição estadual é, sem dúvida, bem mais complicada que a disputa municipal, principalmente porque ainda existem muitas práticas antigas da política, que deveriam ser do passado, mas que ainda estão vivas. A senhora não teme ter que enfrentar preconceito por ser mulher e jovem?

Esse preconceito eu enfrentei muito quando o meu nome foi divulgado na primeira vez para Prefeitura de Teresina, falaram por que não vai para o Big Brother, porque ela não disputa a Miss Piauí, não é lugar para ela. Será que essa menina sabe pelo menos falar. Então, realmente tem, mas isso nunca me afetou de forma nenhuma, sabe? Essa questão de me descredibilizar ou de duvidar da minha capacidade, até porque eu sou uma pessoa que tem mostrado a que veio. Tenho mostrado através de trabalho, através de ações, de propostas, de ideias que você, pode sim, ser mulher. Você pode sim ser bonita e você pode sim ser uma boa gestora, uma boa política.

Como estão as definições da sua candidatura? Já fechou acordos, definiu quem será o candidato a vice e quais os próximos passos?

Não definimos ainda candidato a vice. Estamos conversando porque eu entendo que o vice ou a vice não é uma figura decorativa. É alguém que realmente vai estar ali, dando suporte e dando apoio para a governadora, dando apoio para toda a equipe. Então, a gente precisa realmente tomar essa decisão de caso pensado. Tem que ser alguém que realmente venha a agregar não só em votos, mas como agregar realmente na gestão. A gente está conversando, vendo como é que vai ser esse, vai fazer acordo, coligação, se vai ser chapa própria. Nossa chapa de pré-candidatos a deputados federais já está pronta. É uma chapa bastante competitiva, com maior parte, 90% da chapa formada por empreendedores, por pessoas que estão ali todos os dias abrindo e fechando a porta das suas lojas, que sabem o valor de um ICMS, de um ISS, que sabe quanto é que custa ter funcionários na carteira, pessoas que não tinham espaço em outros partidos, boa parte deles já de cartas marcadas. E no PSC encontraram esse espaço para desenvolver e aí a boa política.

A senhora já tem um plano montado, já definiu as prioridades da sua gestão, caso seja eleita?

Estamos concluindo o nosso plano de governo, mas a prioridade é basicamente começar pela economia, porque tudo parte da economia. Tem as outras áreas que são extremamente importantes, mas se nós não tivermos uma economia sólida, se nós não tivermos um caixa para trabalhar, para de fato resolver os problemas econômicos do Estado, a gente não consegue sair do lugar. Mas entendo que um dos passos mais importantes é realmente enxugar a máquina, otimizar os recursos que nós temos e incentivar a abertura de novas empresas, porque com isso teremos mais empregos gerados, menos desemprego, pessoas trabalhando, maior arrecadação do Estado, maior repasse do Estado para investir na saúde, na educação, na infraestrutura, na segurança, que está o caos. A sensação de insegurança está maior. Então, sim, eu vejo que o básico não está sendo feito, não tem nenhum plano faraônico, algo inovador… é o básico. O arroz com feijão não está sendo feito. Falta medicação nos hospitais. Falta segurança para os piauienses andarem na rua. Não tem trabalho. Falta vaga nas escolas para as crianças, para os jovens. O básico não está sendo feito. Não tem nada de muito inovador. A gente precisa realmente fazer o dever de casa e trazer qualidade de vida para a população. Para, no segundo momento, a gente pensar realmente em inovar. Sabe? As necessidades do Piauí e do piauiense continuam sendo as mesmas de tempos, só que agora elas estão maiores. A gente não está só parado, a gente está regredindo, e isso é muito sério.

Um dos principais clamores da população hoje é por mais segurança. A senhora já pensou em como resolver esse problema?

O problema da insegurança parte também do desemprego. Você sabe que quando aumenta o número de desempregados, a violência aumenta. Mas para se ter mais segurança no Piauí, primeiro tem que qualificar e valorizar o profissional da segurança, coisa que a gente vê que tem uma reclamação muito grande por parte dos profissionais da área de segurança. A gente vê uma cena hilária que foi um policial militar empurrando uma viatura que estava sem combustível, viatura no prego no meio da rua, é desmoralizante pra quem trabalha na segurança pública, para quem sai de casa todos os dias, deixa a sua família para cuidar da segurança da família do outro. Não tem o básico, que é a segurança do trabalho deles também, porque o policial também quer ter segurança para trabalhar, ser valorizado e ter seu plano de carreira certinho pra que realmente possa trabalhar com as condições favoráveis. A tecnologia também está ao nosso favor. É preciso realmente ter esse monitoramento que no Piauí não funciona. Estive em Gramado alguns dias atrás e eu estava conversando com um taxista e eu perguntei pra ele: “Aqui tem assalto? Ele falou, é quase zero. Ele disse: porque toda a cidade é monitorada. Então, quando um assaltante assalta alguém, lá na frente já estão esperando. Já tem a foto, e no máximo em 24 horas ele é preso. Ou seja, a tecnologia está aí. Só falta é o investimento, falta melhorar também a capacitação desses profissionais para trabalhar com maior presença da tecnologia na segurança. Então nós temos ferramentas que não são caras. Só falta mesmo boa vontade.

É notório que a senhora gosta muito de utilizar as redes sociais. A senhora pretende utilizar muito essa ferramenta em sua campanha e durante a gestão?

Não só gosto, como entendo que hoje as redes sociais são um canal de comunicação efetivo entre o gestor e a população. E gosto de estar ali sempre dando feedback do que eu estou fazendo, das ações. Enquanto eu estava a secretária, diariamente estava ali postando as reuniões, as feiras, os eventos, os nossos avanços como secretaria, as ações que estavam se desenvolvendo dentro da Semest e assim será também se o piauiense entender que essa é a melhor opção, chegando no Governo do Estado, ter esse contato realmente com as pessoas, a gente está informando o que está acontecendo dentro da gestão. Estar trazendo informações importantes que facilitem o dia a dia do piauiense. Como o acesso da saúde à educação, facilitando também a esse canal de relacionamento com o gestor, porque isso é importante e realmente as pessoas entenderam que hoje tenho um gestor que me escuta. Eu tenho um gestor que talvez, não a governadora pessoalmente, mas as pessoas que estão ali capacitadas para escutar a demanda da população e poder dar uma resposta em tempo hábil.

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