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TSE abre porta para condenar Bolsonaro em outras ações, avaliam ministros

A conclusão do inquérito aponta uma organização criminosa que atuou de forma coordenada na tentativa de golpe para manter Bolsonaro após derrota na eleição de 2022

Ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) consideram que a condenação imposta ontem (30) a Jair Bolsonaro abre a porta para o ex-presidente ser punido em outras ações sobre crimes supostamente cometidos na campanha do ano passado. Em caráter reservado, ministros afirmaram à coluna que o julgamento foi “um sinal” de que o TSE será intransigente com violações às regras eleitorais atribuídas a Bolsonaro.

Além da ação julgada ontem, existem outras 15 tramitando no tribunal. No julgamento da primeira ação contra o ex-presidente, as discussões travadas em plenário pelos ministros reforçam a jurisprudência sobre disseminação de notícias falsas e ataques ao sistema eleitoral brasileiro. Ao menos outras duas ações contra Bolsonaro no TSE tratam do mesmo tema.

O precedente citado por boa parte dos ministros que votou pela condenação é de outubro de 2021, quando o TSE cassou o mandato e tornou inelegível o deputado estadual Fernando Francischini, por divulgar notícias falsas contra o sistema eletrônico de votação. A conduta de Bolsonaro, segundo a maioria do tribunal, seguiu o mesmo padrão.

“Esta corte considerou discurso de candidato disseminando informação falsa sobre as urnas era causa caracterizada abuso de poder para acarretar a inelegibilidade. Ora, se um candidato a deputado estadual que fala as mesmas inverdades que o presidente da República é censurado e tornado inelegível, e vamos combinar que o potencial de um candidato a deputado estadual é menor que o presidente da República, como essa corte vai decidir que o mesmo teor do discurso já classificado como desinformação não é suficiente para fazer incidir a punição de inelegibilidade? Votar em sentido contrário seria dar uma pirueta. Eu não vejo como descaracterizar o precedente”, disse em plenário o ministro.

O precedente inaugurado pelo caso Franceschini e repisado ontem pelo plenário deverá embasar outras condenações a Bolsonaro, avaliam ministros da corte. Em uma das ações aguardando julgamento, Bolsonaro é acusado de atacar o sistema eleitoral. Outras sete pessoas respondem à ação com ele – entre elas, o candidato a vice na mesma chapa, Walter Braga Netto, as deputadas Carla Zambelli e Bia Kicis, e um dos filhos do ex-presidente, Flavio Bolsonaro.

Em outra ação, Bolsonaro é acusado de disseminar fake news. Outras 47 pessoas figuram como investigadas na mesma ação. Estão na lista Carlos, Flavio e Eduardo Bolsonaro, além dos ex-ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Mario Frias, da Cultura.

O relator das ações, ministro Benedito Gonçalves, pretende colocar em pauta outras ações até novembro, quando deixa o posto de corregedor da Justiça Eleitoral. Se for punido novamente, Bolsonaro continuará inelegível pelo mesmo período de oito anos. A mesma punição pode ser aplicada às outras pessoas inseridas nas ações com o ex-presidente.

Carolina Brígido
Colunista do UOL

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