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Mocidade Alegre é bicampeã do carnaval de SP

A agremiação conquistou seu 12º título e, se tornou, isoladamente, a segunda escola com mais vitórias ao longo da história do carnaval paulista

A Mocidade Alegre é bicampeã do carnaval de São Paulo. Após a apuração das notas do Grupo Especial de São Paulo nesta terça-feira (13), a Dragões da Real ficou na segunda colocação, e a Acadêmicos do Tatuapé, em terceiro lugar. Tom Maior e Independente Tricolor foram rebaixadas para o Grupo de Acesso I.

A agremiação conquistou seu 12º título e, se tornou, isoladamente, a segunda escola com mais vitórias ao longo da história do carnaval paulista, atrás apenas da Vai-Vai, com 15 títulos.

A escola do bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo, levou para avenida o enredo “Brasiléia Desvairada – A busca de Mário de Andrade por um país”. A Mocidade mostrou a viagem do escritor modernista pelos rincões do país em busca de entender o espírito e o que move o Brasil.

Tanto a Mocidade Alegre, como a Dragões da Real, alcançaram a nota máxima de 270. O desempate veio na soma das notas descartadas.

A presidente Solange Cruz Bichara afirmou que não sabia que ganhariam, já que foi um ano muito competitivo entre as escolas.

“Tô a mil por hora, não consigo, ainda estou digerindo, mas é uma emoção muito grande. Um ano muito difícil, um concurso acirrado, em que todas as escolas vinham muito bem. A gente não sabia quem ia ganhar. As escolas evoluíram demais, o carnaval de São Paulo evoluiu demais, a gente acaba perdendo o parâmetro. Muita gente dizia, mas nada de contar vitória antes. Não é nosso perfil, a gente prefere orar, rezar, acreditar que vai dar certo e acreditar no nosso trabalho”, afirmou após a vitória.

O diretor de carnaval Ricardo Sonzin disse que a vitória é resultado de trabalho.

“Motivo de muito orgulho, de muita dedicação, de muito trabalho, o empenho de cada um da nossa comunidade, da nossa diretoria, de todos os departamentos da escola, acho que esse título só vem pra coroar que a gente tá no caminho certo, que a gente tá fazendo o nosso melhor sempre. Um bicampeonato, né? Como faz pra peteca não cair? Trabalho. Trabalho, dia a dia, noite a noite, muita dedicação, muita gente envolvida, é muito trabalho, não tem outra palavra. Bora comemorar! “, complementou o diretor de carnaval, Ricardo Sonzin.

Já Rogério Felix, diretor de harmonia da Dragões da Real, ressaltou que a comunidade está feliz com o que a escola apresentou na avenida.

“O título ficou em boas mãos, empatamos de ponto a ponto. Só que quando voltam todas as notas, aí no desencarte, acabamos não levando esse título. Mas a comunidade está muito feliz, o trabalho foi muito bem feito, e agora é comemorar, e eu posso te garantir, pode se preparar que vem um trabalho muito mais forte ano que vem. Já posso garantir, ano que vem um trabalho maior ainda”, destacou Rogério Felix .

Em uma experiência rara, nenhuma das 14 escolas do Grupo Especial desfilaram sob chuva. O desfile das Campeãs será no sábado (17) e contará com as seis escolas mais bem classificadas.

Como foi o desfile
Um dos pontos altos do desfile foi a ala das baianas. À primeira vista, as fantasias pareciam feitas de concreto. Como se tivessem derramado cimento no tecido das saias.

Na verdade, elas simularam a pedra-sabão, material usado pelo famoso escultor Aleijadinho para fazer suas estátuas barrocas em Minas Gerais.

Todo o traje das baianas levou essa pintura de pedra. Na renda, nas luvas e nos cílios. O responsável pelas fantasias fez pesquisa minuciosa para fazer uma tinta que simulasse a pedra. Ele pintou 48 baianas em uma semana.

O ator Pascoal da Conceição apareceu com a comissão de frente interpretando o escritor Mário de Andrade.

A bateria comandada pelo Mestre Sombra trouxe toques do frevo e do maracatu para dar o tom de toda a viagem pelos ritmos do país.

Apuração
A leitura das pontuações atribuídas pelos jurados foi acompanhada apenas por diretores das escolas, convidados e profissionais da imprensa.

A jurada Bia Cagliani esqueceu de dar a nota de evolução para a escola Império de Casa Verde, e a Liga das Escolas de Samba fez uma média aritmética para chegar a um número. Ao final, a Império ficou com 10.

A média aritmética foi feita a partir das últimas notas da escola, e depois a direção arredondou para cima.

Durante a apuração, as notas foram lidas por quesito e a menor delas foi descartada. Ao final, as quantias foram somadas e as duas escolas que tiverem as menores pontuações totais foram rebaixadas, disputando o carnaval 2025 no Grupo de Acesso I – Tom Maior e Independente Tricolor, respectivamente

As notas descartadas são sempre o primeiro critério de desempate a ser aplicado. Neste ano, o quesito “harmonia” foi sorteado para servir como o segundo critério.

Como os jurados atribuem as notas
No momento em que pisam na avenida, as escolas começam o desfile com nota 10 em todas as categorias. A partir daí, os 36 jurados do grupo Especial – quatro de cada categoria – recebem um manual e, a cada décimo tirado, devem justificar com base no documento.

Além disso, os julgadores recebem uma pasta com o que foi planejado pela escola para comparar com o que foi apresentado durante o desfile.

Entenda os quesitos avaliados pelo júri
Evolução:
Julga a forma como a escola passa pela avenida, sem deixar buracos e sem correr para cumprir o tempo do desfile.

Comissão de Frente: A coreografia conta com alguns movimentos obrigatórios, como a saudação ao público e a apresentação da escola. Jurados também dão nota para a fantasia e observam se a comissão de frente atende à exigência de no mínimo seis componentes e, no máximo, 15.

Fantasia: Avalia a beleza e o significado das fantasias desfiladas. Os jurados também podem se atentar a detalhes e ao acabamento. Os itens apresentados no desfile devem corresponder ao apresentado anteriormente em desenhos pela escola.

Enredo: Nesse quesito é considerado se o tema está sendo bem contado na avenida, com a ajuda das alas e alegorias, e se o jurado e o público conseguem fazer uma leitura fácil da apresentação.

Samba-enredo: O jurado deve considerar se a letra do samba transmite o enredo proposto pela escola. Já a melodia deve provocar nos componentes a vontade de evoluir, dançar e cantar.

Bateria: Avalia o desempenho dos ritmistas e dos mestres de bateria acompanhando o samba-enredo. Além de alguns instrumentos obrigatórios, é importante que tudo esteja afinado. Também é considerada a “ousadia na performance musical”, com bossa, paradinha, breque, apagão, convenção e virada.

Alegoria: Julga os carros alegóricos – a beleza e a relação com o enredo. As escolas de samba são obrigadas a desfilar com cinco alegorias.

Mestre-sala e porta-bandeira: Considera-se o entrosamento dos dois na coreografia, a graciosidade dos movimentos e, também, as fantasias.

Harmonia: Analisa se os componentes da escola estão integrados, cantando o samba conforme o ritmo da bateria e fazendo as coreografias corretamente.

Por g1 SP — São Paulo

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