Lenda da NBA acerta quatro bolas de três pontos no último quarto e segura reação do time da casa, para assegurar o quinto título olímpico consecutivo da seleção masculina norte-americana
Stephen Curry tem quatro títulos da NBA, dois prêmios de Jogador Mais Valioso (MVP) da temporada, o recorde de cestas de três pontos da liga norte-americana e o reconhecimento como um revolucionário do basquete. Só faltava um item essencial para seu currículo: uma medalha de ouro olímpica.
Depois deste sábado, não falta mais. O armador fez chover na Arena Bercy para garantir a vitória dos Estados Unidos sobre o time da casa, a França, por 98 a 87, na final do basquete masculino nas Olimpíadas de Paris 2024. Foram 24 pontos, com oito bolas de três pontos – quatro delas no último quarto – para segurar um time aguerrido que ameaçou os poderosos norte-americanos até o final, mas não resistiram ao poderio de Curry. Sua volúpia permitiu aos EUA conquistarem seu quinto título olímpico consecutivo.
Não havia ingresso mais disputado nas Olimpíadas de Paris 2024 que o da final do basquete masculino. O peso das celebridades presentes nas cadeiras deixava isso evidente: Thierry Henry, Teddy Riner, Scottie Pippen, Megan Rapinoe, ShaCharri Richardson, Jimmy Fallon, até o presidente francês, Emmanuel Macron, foram à Arena Bercy assistir ao choque entre o “Dream Team” e o time da casa.
Pela primeira vez no torneio, os EUA começaram a partida com Kevin Durant entre os titulares, e ele deu uma assistência para enterrada de LeBron James para abrir o placar. A França não se intimidou. Forçou erros consecutivos do ataque norte-americano e seguiu a liderança de Victor Wembanyama, autor de sete pontos no primeiro período.
Quando o jovem gigante foi descansar, contudo, a produção ofensiva sofreu e não foi capaz de aproveitar a dificuldade que impunha com sua marcação por zona. E a segunda unidade dos EUA, triunfo dos norte-americanos pela maior parte da campanha, voltou a render bem. Cestas consecutivas de três pontos de Anthony Edwards levaram os tetracampeões olímpicos ao segundo período com 20 a 15 no placar.
A vantagem foi a sete pontos após um toco seguido de bandeja de Anthony Davis. Mas os franceses botaram ordem na casa e, com cestas de três consecutivas e uma enterrada de Bilal Coulibaly no contra-ataque, viraram o placar. Steve Kerr recolocou LeBron e Curry, e os dois pontuaram numa sequência de 16 a 4 para retomar o controle da partida.
Yabusele encerrou a arrancada norte-americana com uma enterrada em cima de James – e o pivô francês provocou muito o “Rei” caído no chão. Não foi a melhor decisão. Os americanos encadearam mais seis pontos para abrir 10 de vantagem. O próprio Yabusele diminuiu para 49 a 41 com uma bandeja no estouro do cronômetro do primeiro tempo.
Com Embiid de volta ao quinteto titular, os norte-americanos abriram 14 pontos de margem no início do terceiro quarto. O pivô foi importante para causar problemas no garrafão e para abrir espaço para os chutes de três pontos de Curry, que marcou duas bolas de longa distância na arrancada da equipe.
Os franceses não cederam. Empurrados por sua torcida, montaram uma reação graças à intensidade defensiva e a cestas de três pontos de Wembanyama e De Colo. Anthony Davis tentou manter a distância numa margem confortável com tocos, roubos e muita atividade nos rebotes. Mas a marcação por zona da França voltou a confundir os reservas americanos, e uma bandeja de De Colo no final do período (com toco na descendência de Durant) deixou o time da casa atrás por apenas seis pontos, 72 a 66, com 10 minutos por jogar.
A partida seguiu tensa no período final. Com dificuldade para criar oportunidades contra a intensa marcação francesa, os norte-americanos dependiam de faíscas de craques como Durant, LeBron e Jrue Holiday. E do outro lado, os EUA também não davam moleza para o ataque francês, que sofreu para marcar pontos na primeira metade.
A França voltou a forçar erros consecutivos com sua marcação por zona e marcou sete pontos consecutivos para encostar em três pontos, 82 a 79. Foi neste momento que Steph Curry reapareceu, com uma bola de três pontos para dar uma “respirada” aos norte-americanos. A partir daí, ele respondeu cada cesta francesa com uma bomba de longa distância. Três delas vieram consecutivamente; na última, com 35 segundos restando e o placar em 96 a 87, o armador fez o gesto que patenteou na NBA, juntando as mãos e deitando a cabeça, num sinal de que o adversário podia dormir: o jogo havia terminado. O ouro era dos Estados Unidos.