O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, detalhou que o esquema, investigado pela Operação Carbono Oculto 86, visava a infiltração da facção criminosa no setor de combustíveis da região. De acordo com Lucas, o grupo adquiriu um terreno para montar uma central de distribuição e produção de combustível adulterado.
“Em 2023 a gente já tinha feito uma apreensão de oito caminhões-tanque num posto HD, em Lagoa do Piauí, com naftas e solventes. Eles estavam tendo dificuldade de logística com o crescimento da rede e compraram um terreno entre Teresina e Altos para montar uma central de distribuição onde fariam as fórmulas, as misturas, colocando mais solvente, mais álcool anidro, e dali distribuiriam para a rede de 49 postos que funcionavam no Piauí, Maranhão e Tocantins.”
Chico Lucas, Secretário de Segurança Pública do Piauí
Lucas explicou que a escolha do Piauí como base se deu pela posição logística do estado, Teresina sendo a única capital do Nordeste não litorânea e com fácil acesso a outros estados da região e interior.
A investigação também apura um possível vazamento de informações, pois parte dos alvos não foi encontrada. Segundo o secretário, os indivíduos foragidos levaram valores em dinheiro e objetos de alto valor, incluindo relógios de marcas como Rolex, estimados em milhões de reais.
“Nós vamos apurar, foi uma investigação grande que envolveu vários policiais e autoridades. Os alvos ficaram foragidos e levaram valores e relógios. Achamos várias caixas de relógios que, somados, podem chegar à casa de milhões de reais, entre eles Rolex e outras marcas caras. Quando fomos às casas pela manhã, eles já tinham viajado para São Paulo e com destino desconhecido”, relatou Lucas.
Embora não haja mandados de prisão em aberto, os investigados não estão colaborando com as investigações. A SSP-PI busca documentos e celulares que possam comprovar as atividades ilícitas.
O esquema utilizava laranjas e empresas de fachada para movimentar valores e ocultar bens, com algumas empresas possuindo múltiplos CNPJs no mesmo endereço. O objetivo era fraudar o fisco e disfarçar a adulteração de combustíveis, comprando solventes por meio de outros CNPJs para dificultar a rastreabilidade.
O secretário ressaltou o prejuízo causado aos consumidores e aos empresários honestos. “Cada vez que você abastecia com seus 20 ou 30 reais, eles tiravam um pouquinho e ainda colocavam solvente, trazendo prejuízo para você e enriquecendo às suas custas”, concluiu Lucas.