Para cientista, mudança de presidente nos EUA não altera relação com o Brasil

Para Cléber de Deus, o Brasil é um "ator menor"

"É coisa de megalomaníaco achar que Brasil tem influencia", diz Cléber de Deus

Marcelo Costa

Repórter

A derrota de Donald Trump na disputa pela presidência dos Estados Unidos neste sábado (7) provocou uma série de reações diferentes em vários países. Para certos grupos de brasileiros, essa mudança sinalizaria algo positivo para o Brasil no tocante as relações internacionais.

Por conta de uma polaridade acentuada entre os dois candidatos, muita coisa estava em jogo. Podem ser colocadas nesta lista questões como o tratamento com os imigrantes, racismo, meio ambiente e principalmente as relações comerciais.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Piauí, Cléber de Deus, essa discussão, na verdade, está acontecendo de forma inadequada. “Essa polarização que tomou conta da política brasileira impede que os comentaristas e políticos façam uma leitura destituída de certos valores político-partidários. Acho muito difícil haver uma grande mudança na política externa americana”, avalia.

Para o professor, estão esquecendo um dado elementar. Segundo ele, o Brasil, mesmo sendo a nona economia do mundo, sequer representa 2% do que circula de capital no mundo. “É evidente que os Estados Unidos não mudará sua política externa com o Brasil, com a América do Sul e com a América Latina de um modo geral. Nos Estados Unidos o que está em jogo não é a eleição de um candidato ou outro, é a geopolítica mundial que será reconfigurada. O país não tem como dar uma guinada de uma hora pra outra na política externa, não é assim que as coisas acontecem. E o Brasil é um ator bem menor nesse enredo”, ressalta.

Cléber de Deus avalia como coisa de megalomaníaco achar que o Brasil tem peso nas relações internacionais e venha influenciar na política americana. “Isso não vai mudar, seja com Bolsonaro e qualquer outro presidente. Os Estados Unidos têm interesse no mundo todo, e não se muda uma política externa de uma hora pra outra”, concluiu.

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