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“Casos de morte súbita em crianças são raros”, explica cardiologista

"Afirmar alguma ligação com a Covid-19 ainda é precipitado", avalia o médico/Foto: cidadeverde.com

Marcelo Costa, do sertão.online

O falecimento de uma criança de apenas 12 anos de idade na manhã desta quinta-feira (04) em uma escola da rede particular de Teresina sem causas aparentes (morte súbita) provocou muita comoção e preocupação entre pais. Segundo relatos, o menino se sentiu mal e desmaiou durante o intervalo da aula. De imediato, funcionários da escola chamaram o SAMU. Os profissionais socorristas chegaram rápido, tentaram reanima-lo, mas infelizmente não tiveram sucesso.

O caso também chama a atenção por ser o terceiro deste ano no Piauí, já que, segundo os especialistas, morte súbita em crianças são casos raros. Os outros dois casos foram registrados em Luiz Correia e outro em Picos.

Para evitar um sentimento de pânico entre os pais e tentar esclarecer dúvidas que surgiram, o médico cardiologista Luiz Bezerra Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Secção Piauí, realizou uma entrevista com o cardiopediatra Marcelo Madeira, publicado no canal do Youtube da SBC Piauí.

Possíveis causas

Uma das primeiras informações destacadas pelo cardiopediatra é que morte súbita em crianças muito dificilmente é causada por infarto. Dr Marcelo Madeira aponta como razões mais comuns as “anomalias congênitas”, dentre elas uma das mais importantes é a cardiomiopatia hipertrófica – um aumento da espessura do miocárdio (músculo cardíaco), que leva um desarranjo muscular e favorece a arritmia. “Essa talvez seja a principal causa de morte súbita em crianças”, explica.

Outra causa que pode ser apontada, não menos importante, são as arritmias provocadas por alterações nos canais iônicos que existem no coração – de potássio e magnésio.

Também bastante frequentes, segundo o especialista, são os AVC (acidente vascular cerebral), principalmente provocados por mau formação nos vasos cerebrais. Ainda podem ser acrescentadas a essa relação as “crises convulsivas”.

Covid-19

Outra preocupação levantada, principalmente entre os comentários nas redes sociais, é se o caso pode ter alguma relação com a Covid-19. Marcelo Madeira ressalta que como tudo ainda é muito novo no que se refere a esse tema, qualquer afirmação que se faça é precipitada.

Um dos motivos que fez gerar essa discussão é a chamada “Síndrome de Kawasaki”, que realmente pode se apresentar em um pós-Covid e com isso afetar vasos do coração, mas, de acordo com os registros científicos, isso só ocorre muito tempo depois, em futuro bem mais distante.

“Mas se depois de algum tempo esse paciente apresentar manchas vermelhas pelo corpo, quadro de febre, dores abdominais e comece a apresentar queixas cardíacas, neste caso vale uma avaliação de um especialista”, destaca.

Sem pânico

Quando, então, é necessário acender o alerta e levar o filho para uma avaliação de um especialista? Para o médico Marcelo Madeira, a primeira porta deve ser o pediatra, que é o profissional responsável pela avaliação da saúde da criança.

Segundo o especialista, buscar a avaliação de um cardiopediatra somente em casos muito específicos, ou seja, para quem tem na família alguém com menos 35 anos que já apresentou problemas cardíacos e, associado a isso, essa criança reclamar de dores no peito, arritmias, palpitações, tonturas e apresentar desmaios. “Dores no peito em crianças muito raramente tem ligação com problemas cardíacos. O que deve chamar mais atenção é se essas dores estiverem associadas ao cansaço e de forma frequente”, disse.

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