O dólar opera em alta nesta sexta-feira (22), diante de receios em torno do agravamento da pandemia e de temores fiscais no Brasil.
Às 13h50, a moeda norte-americana subia 1,82%, vendida a R$ 5,4605. Na máxima, chegou a R$ 5,4352.
Já o Ibovespa opera em queda de mais de 1%.
Na quinta-feira (21), a moeda norte-americana avançou 0,95%, a R$ 5,3631. No mês e no ano, passou a acumular avanço de 3,39%.
Cenário global e local
O dia começou tenso com um ressurgimento de infecções por coronavírus na China e um aumento nos casos no sudeste do continente às véspera do Ano Novo Lunar, período em que chineses costumam viajar. A bolsa de Xangai terminou o dia em queda de 0,44%.
Diante do mau humor instalado nos mercados nesta sexta, o dólar opera com ganhos mais relevantes contra as moedas emergentes, naturalmente prejudicadas quando investidores buscam segurança. A moeda americana também avança mais de 1% perante o peso mexicano e o rublo russo. Contra o rand sul-africano, a alta é de 0,80%.
O tom da negociação é negativo, após da Europa apontarem para uma contração da economia no primeiro trimestre do ano. Os índices de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) apontaram desaceleração da recuperação no continente mais grave do que esperado pelo mercado. Na zona do euro, o PMI composto, que inclui os setores de indústria e serviços, caiu para 47,5 pontos em janeiro.
A expectativa era de recuo para 48,0. Em dezembro, o índice foi de 49,1. Resultados abaixo de 50 representam contração da atividade.
Os preços do petróleo também caíam nesta sexta-feira, recuando ainda mais em relação às altas de 11 meses atingidas na semana passada, pressionados por temores de que novas medidas para enfrentar a pandemia na China reduzirão a demanda por combustível no maior importador de petróleo do mundo.
No cenário local, as atenções seguem voltadas ainda para os percalços para o avanço da vacinação contra o coronavírus no Brasil. A percepção de que a imunização contra a Covid-19 no Brasil será lenta e sujeita a reveses tem elevado receios quanto à força da recuperação da economia e alimentado temor de criação de novas despesas para fazer frente à pandemia.
O agravamento da crise sanitária em meio à percepção de desorganização no governo tem tido efeitos sobre a popularidade do presidente Bolsonaro e, por sua vez, alimentado temores no mercado de criação de mais despesas — o que ameaçaria o teto de gastos, visto pelo mercado como âncora fiscal do país.
Na véspera, a alta do dólar se acentuou pelo aumento dos temores fiscais no Brasil após declarações do candidato à presidência do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) — apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro — de que será preciso sacrifício de premissas econômicas para manter o socorro às famílias durante a pandemia, destaca a Reuters.
Em São Paulo, após mais uma semana de piora nos indicadores da Covid-19, o governo estadual deve anunciar nesta sexta-feira (22) regras mais restritivas de isolamento social, e determinar que todo o estado fique na fase vermelha do plano de flexibilização econômica aos finais de semana e feriados. Nos dias úteis, a fase vermelha valerá a partir de 20h.
“O quadro sanitário não dá sinais claros de melhora enquanto o governo segue encontrando diversas barreiras para dar andamento à campanha de vacinação contra o coronavírus. Desta forma, o investidor deverá seguir avaliando de maneira cautelosa os desenvolvimentos em torno da campanha de imunização enquanto avalia os riscos de um novo atraso tanto na esfera social como na fiscal”, disse Victor Beyruti, economista da Guide.
Nos EUA, os senadores decidem nesta sexta acerca da indicação de Janet Yellen para presidir o Departamento do Tesouro do país. Yellen participou de audiência na terça, na qual defendeu o emprego de estímulos fiscais para recuperar a economia americana mais rapidamente dos efeitos recessivos da pandemia.