Prestes a viver Maria na Paixão de Cristo da cidade de Floriano, Ana Cecília Costa está debruçada sobre a história da mãe de Jesus. A atriz destaca que Maria se comunica com o coração dos devotos e seu principal desafio, ao dar vida a ela, será humanizá-la e “interpretar não a Santa que está no céu, mas a mulher que está na Terra”.
“A representação de Maria na Paixão de Cristo é a figura da Mater Dolorosa. Jesus é um preso político do seu tempo, que é torturado e morto injustamente. Neste sentido, Maria representa toda mulher/mãe comum (e são muitas), que sofre a maior das dores: a morte de um filho. O desafio é humanizar Maria para que o público perceba que aquela dor é concreta, que são lágrimas de uma mãe real”, pondera.
Ana Cecília destaca que, como a encenação acontece em um dos maiores teatros a céu aberto do Brasil, em que o olhar de quem estar no palco não alcança a plateia, o uso da voz como instrumento de interpretação e a expressão do corpo são fundamentais para transmitir toda emoção que o espetáculo exige.
“Por isso, estou buscando referências nas representações de Maria na pintura de Caravaggio, por exemplo. A composição de Maria, feita pela atriz Maia Morgenstern no filme ‘A Paixão de Cristo’, tem a humanidade que procuro. Pesquiso expressões em fotografias de mães comuns que estão sofrendo a perda do filho. E rezo o terço, que é um ritual mariano”, revela.
Ensinamentos
Ao se aprofundar na história de Maria, uma mulher simples que criou, junto com seu companheiro José, uma criança, um jovem revolucionário, cuja história e mensagem são tão poderosas que atravessaram o tempo e o espaço, Ana Cecília revela o que tem aprendido: “Maria me ensina sobre fé, coragem e amor. Gostaria que fossem publicados mais estudos sobre Maria, Maria Madalena, as irmãs Marta e Maria e tantas outras personagens femininas que foram atuantes e importantes na vida de Jesus”.
E em tempos tão conflituosos como o atual, a atriz reforça que a importância de relembrar a história de Jesus. “Em tempos sombrios de pandemia, de guerra, de falsos profetas, é fundamental relembrar que o sentido cristalino da Paixão de Cristo é a ressurreição, ou seja, a vitória da vida sobre a morte. A morte não é o fim da história. Jesus ressuscita e a primeira pessoa para quem ele se mostra é uma mulher, Maria Madalena. Uma mensagem muito clara de esperança”, conclui.
Paixão de Cristo
Após dois anos sendo transmitida virtualmente devido ao agravamento da pandemia do novo coronavírus, a tradicional Paixão de Cristo da cidade de Floriano (PI) volta a ser encenada com a presença de público em 2022. O evento, realizado pelo Grupo Escalet há 27 anos, acontecerá nos dias 15 e 16 de abril, no Teatro Cidade Cenográfica, e promete surpreender a plateia com roteiro aperfeiçoado e cenários renovados, além de convidados especiais. No elenco, além de Ana Cecília Costa, estão Caio Blat, Ernani Moraes, Leona Cavalli e Suely Franco.