Brasil, País do Futuro e o Piauí?

Os retirantes de Candido Portinari

Brasil, País do Futuro foi uma expressão criada em 1941 para indicar o potencial brasileiro para se tornar uma potência de referência mundial. Essa visão foi dada por Stefan Zweig, um austríaco – judeu quando veio para o Brasil. Zweig veio para o país tupiniquim em 1936, para uma série de palestras, e se encantou com o nosso país. Em um paralelismo muito aparente, viu nesta terra de clima tropical, temperado e subdesenvolvida um sucedâneo da sua amada Viena capital da Áustria com ares de modernidade e civilidade futura no que diz respeito a sociedade brasileira dar dignidade aos seus de uma maneira geral.

Infelizmente tivemos um grande atraso da sonhada previsão do a época encantado e estrangeiro visitante que adotara o Brasil como fonte de inspiração para o desenvolvimento de um povo, o período que abrange o final dos anos 2000 e início dos anos 2010 viu, finalmente, o país libertado do seu rótulo de “Subdesenvolvido ou País de Terceiro Mundo” e o que vimos foi um crescimento consistente em status geopolítico pois o país passou a influenciar alguns países em suas políticas internas como economia e o social. As lideranças brasileiras – apoiadas pela Constituição brasileira – apresentam um discurso de paz e cooperação como ancora quando se propõe uma abordagem do sistema internacional vigente nas relações entre países. O realismo estrutural, no entanto, prevê que a postura internacional de um país será guiada, principalmente, pela dinâmica de poder e sua estabilidade institucional e por questões práticas e materiais, após sua ascensão ao “clube” das grandes potências o Brasil tem a necessidade de se manter nesta vitrine mundial. Estou aqui avaliando em que medida o crescimento da estatura brasileira no sistema internacional está sendo realizada de acordo com a nova teoria realista. A fim de ter objetivo, vejo conceitos neorrealistas (nova teoria realista) explorados e agregados em situação variável em uma cadeia causal. Você sabe o que vem a ser neorrealismo? O neorrealismo sustenta que a natureza da estrutura internacional é definida pelo seu princípio de primeira ordem — a anarquia — e pela distribuição de recursos (medidos pelo número de grandes potências no sistema internacional). Tudo isso teve fontes de influencia os sistemas socialistas e comunistas no início do século XX e teve haver inicialmente com a cultura e literatura ao tempo.

Este quadro é então contrastado à postura internacional do Brasil em três fases: primeiro, confirmamos a mudança no poder relativo do Brasil, que é a responsável por ativar o processo acelerado de desenvolvimento econômico nos anos 2000 à 2010; em seguida, vejo fatores intervenientes na cadeia causal das relações, ou seja, o ambiente doméstico do Brasil, as ameaças percebidas para a sua segurança social e territorial quando se fala na Amazonia, e os objetivos principais brasileiros no sistema internacional para se firmar como capaz de cuidar de se; finalmente é preciso verificar as variáveis intervenientes que possam atuar para desenvolver uma postura que possibilite ações revisionistas na política externa do Brasil que sofrera uma mudança radical nos últimos quatro anos. Prosseguindo nesta cadeia causal, avalio que há um esforço de recuperar espaços perdidos e tão caros quando se fala em conquistas internacionais que demoraram a ser alcançados. É necessário e perceptível o fortalecimento da capacidade da segurança interna em todos os sentidos e de melhorar o sistema militar brasileiro e de alianças externas como evidências de que o país está, de fato, começando a “tentar superar” o comportamento das grandes potências para enfrentar um mundo cada vez mais competitivo. O crescimento brasileiro e a consequente busca por mais espaço no cenário internacional está sendo sutilmente retomado de acordo com a abordagem neorrealista de relações internacionais, embora o país ainda esteja lutando para conciliar a ambição de desempenhar um papel maior na arena mundial, com um declarado “destino” para fazê-lo de forma cooperativa, apoiado por atitudes pacíficas coisas que até o dia 29 de novembro de 2022 não tínhamos certeza até a apuração dos votos do segundo turno das eleições presidenciais. O certo que houve promessas de ambos os lados na “arena” eleitoral e o vencedor prometera acabar com a fome no Brasil que hoje está sistematizada e com grilhões fortes mas não inquebráveis.

Ai vem o Piauí como ente federado ou como um “conjunto de pessoas” que poderei dizer assim em uma próxima coluna quando direi o que penso sobre o futuro deste Estado e de sua gente a partir de 01 de janeiro de 2023 a partir de seu novo Governo Estadual e de um alinhamento com o Poder Central de forma natural.

“Desde a adolescência ansiei por ver o Amazonas, o rio mais caudaloso, desde a adolescência, desde que pela primeira vez li alguma coisa acerca de Orelhana, que, na mais memorável de todas as viagens, foi o primeiro a descê-lo numa pequena canoa, partindo do Peru — desde a adolescência, quando no Jardim Zoológico de Viena vi os papagaios que ostentavam o brilho de suas cores, e os ágeis macaquinhos, e li nas tabuletas: Amazonas. Agora me acho na foz do Amazonas, ou melhor, numa das suas fozes, das quais cada uma é mais larga do que a de qualquer dos nossos rios da Europa.”

— Zweig, in: Brasil, País do Futuro

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