O motorista que dirigia o ônibus de viagem que caiu na sexta-feira de um viaduto em Minas Gerais se apresentou hoje à Polícia Civil na cidade de João Monlevade (MG) e começou a prestar depoimento por volta das 15h. O acidente deixou 19 mortos e 29 feridos. A maioria dos corpos das vítimas foi transportada no início da tarde de hoje, em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), para as cidades onde serão enterrados.
Uma representante da empresa Loca Lima também foi ouvida hoje pela polícia. Ao todo, 16 pessoas já prestaram depoimento no inquérito. Segundo o órgão, o conteúdo das oitivas não será divulgado em atendimento ao disposto na Lei de Abuso de Autoridade.
O veículo saiu do povoado de Santa Cruz do Deserto, em Mata Grande, no sertão de Alagoas, em direção a São Paulo e caiu entre João Monlevade e Nova Era. De acordo com a PRF-MG (Polícia Rodoviária Federal de Minas Gerais), o condutor pulou antes da queda e fugiu do local, apresentando-se apenas hoje. Havia aproximadamente três motoristas no coletivo, um deles morreu no acidente e o outro não foi encontrado.
A perícia da Polícia Civil calculou que o ônibus teve duas colisões: uma na parte traseira, a 26 metros do viaduto de onde despencou, e outra frontal, a 34,5 metros. Ainda são esperados os resultados das análises para saber se houve alguma falha no veículo que tenha ocasionado o acidente.
O acidente
Quando passava pelo viaduto na BR-381, sobre a Estrada de Ferro Vitória a Minas e o rio Piracicaba, entre João Monlevade e Nova Era, no sentido Belo Horizonte, o motorista perdeu o controle do ônibus e colidiu com o retrovisor de um caminhão que estava no local, segundo os primeiros relatos.
Em seguida, testemunhas relataram que o motorista gritou que teria perdido os freios. O ônibus começou a voltar de marcha ré, bateu em uma proteção lateral da ponte e caiu de uma altura de 35 metros, segundo peritos da Polícia Civil. O condutor e outras seis pessoas saltaram antes da queda do ônibus.
Segundo balanço de hoje do Corpo de Bombeiros de MG, eram 48 passageiros, sendo que 19 morreram. No hospital Margarida, em João Monlevade são 7 pessoas internadas, no hospital João 23, em Belo Horizonte mais duas. No Hospital João Paulo 2º, também na capital mineira, apenas uma vítima permanece em observação.
Outras 15 já receberam alta. Três pessoas não precisaram de atendimento e uma não foi localizada pela equipe de resgate.
Ônibus sem autorização para transporte de passageiros
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) informou que a empresa do ônibus, a JS Turismo, tinha uma autorização para prestação de serviço feita pela Justiça, por meio de liminar, mas o veículo em questão não estava habilitado para transportar passageiros.
Além da inscrição da JS Turismo, o ônibus que sofreu o acidente também tinha na lataria o nome da Loca Lima Turismo, empresa com sede em Mata Grande. Segundo a ANTT, a Loca Lima pode ser um nome fantasia ou poderia estar prestando serviços à JS Turismo.
No dia do acidente, a Loca Lima divulgou um comunicado em sua conta no Facebook expressando “pesar e profunda tristeza” pela tragédia. Disse ainda que não se furtará da “responsabilidade” e prestará “total assistência às vítimas e aos seus familiares”.