O governo Jair Bolsonaro (sem partido) cancelou de última hora o evento de lançamento do Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa Família. O evento estava marcado para as 17h desta terça-feira, mas foi cancelado um pouco antes. Uma fonte do governo confirmou ao UOL o adiamento.
O anúncio de que Bolsonaro teria decidido subir o valor do auxílio para R$ 400 repercutiu negativamente no mercado financeiro, com o dólar comercial disparando e a Bolsa tombando mais de 3%. Dentro do governo, no entanto, ainda não havia um consenso sobre como viabilizar o programa sem ultrapassar o teto de gastos —a regra fiscal que limita a despesa pública ao orçamento do ano anterior corrigido pela inflação.
O pagamento de R$ 400 aos beneficiários representaria uma derrota para o ministro da Economia, Paulo Guedes. Isso porque o ministério vinha defendendo um auxílio de R$ 300, o que permitiria manter os gastos do governo dentro do teto. Com o adiamento, Guedes e sua equipe ganham um pouco mais de tempo para negociar valores e tentar viabilizar uma solução que mantenha o Orçamento para 2022 dentro dos limites. Entre investidores do Brasil e do exterior, a quebra do teto é mal vista, daí a forte alta do dólar e o recuo da Bolsa nesta terça-feira.
Entre a ala política do governo, o Auxílio Brasil é visto como uma ferramenta importante para elevar a popularidade de Bolsonaro entre a população mais pobre, visando à reeleição em 2022.
De olho na campanha, Bolsonaro se aproximou recentemente de outros ministros da Esplanada, que veem no aumento dos gastos uma estratégia para acelerar a retomada econômica. Em defesa de mais gastos aparecem os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e da Cidadania, João Roma.