Segundo a psicanalista Rachel Poubel, sentimentos de angústia e frustração ocupam o lugar da alegria de quem sofre com a síndrome
Com a aproximação do final do ano, o clima de celebração e renovação toma conta de muitas pessoas. No entanto, essa época também traz à tona sentimentos de frustração, ansiedade e melancolia que não são raros, mas pouco discutidos. O fenômeno, popularmente chamado de “síndrome do fim de ano”, afeta uma parcela da população, que se vê presa em expectativas não atendidas e pressões sociais.
O Que é a Síndrome do Fim de Ano?
A psicanalista Rachel Poubel explica que a “síndrome do fim de ano” não é um diagnóstico clínico, mas um conjunto de sensações psicológicas comuns durante o período de festas. Esses sentimentos podem variar entre angústia, tristeza profunda e sensação de fracasso.
“As festas de fim de ano trazem muita tristeza e solidão porque a gente compra um pacote comercial. Olha nas redes sociais e se compara. As festas têm um apelo de troca de presentes e mostra todo mundo feliz, mas na vida real não é assim. A pessoa precisa estar bem e entender que talvez na ceia de Natal ela não estará com a família ou amigos. As pessoas precisam estar bem consigo mesmas, com a solitude, para enxergar a vida de uma forma real, como ela é”, explica a psicanalista.
Essa época também marca o fechamento de um ciclo, o que pode trazer à tona reflexões sobre o que foi deixado para trás ou metas não cumpridas. “É muito comum, com a chegada do fim do ano, a sensação de frustração. Uma sensação de não ter feito nada, de incapacidade de realizar as metas. Mas as metas não podem estar apegadas ao começo e ao fim de ano, elas precisam ser diárias. É até possível ter um objetivo para o final do ano, mas desde que se comece com pequenas metas, porque a mente acaba se dispersando e as pessoas desistem quando a meta é de longo prazo”, complementa Poubel.
A psicanalista destaca, ainda, que a procrastinação é um dos fatores que contribui para o sentimento de angústia que chega no final do ano. “Muita gente vai deixando pra amanhã, pra semana que vem, não trabalham a saúde emocional, não acreditam que são capazes. Se a pessoa tem ansiedade, por exemplo, ela precisa tratar para ter sucesso profissional, para alcançar os seus objetivos, senão, nunca vai sair do lugar. Para não procrastinar precisa criar novos hábitos e não deixar para o dia 31 de dezembro. Precisa parar de colocar datas para resolver as coisas e resolver hoje o que precisa ser resolvido”, disse.
Poubel acrescenta que problemas familiares e de relacionamentos também podem desencadear a “síndrome do fim de ano”. “A síndrome pode acontecer, ainda, devido a perdas de entes queridos, a rompimento de relacionamentos, quando a pessoa decide morar sozinha e quando está com conflitos na família. Então quando chega no final do ano, fica aquela sensação que a família não está bonitinha igual a dos filmes, e com isso, a pessoa começa a se sentir mal. Surge um sentimento de angústia muito forte porque ela pensa que está todo mundo feliz e ela não”, pontua.
Como lidar com a Síndrome do Fim de Ano?
Segundo a psicanalista, é fundamental entender que esses sentimentos são comuns e podem ser gerenciados com algumas práticas de autocuidado emocional. “O primeiro passo é ter uma postura mais compassiva consigo mesmo. Entender que o final de um ciclo não significa a necessidade de realizar um balanço extremo, e que nem todas as metas precisam ser cumpridas de maneira absoluta”, frisa Poubel.
Algumas dicas práticas incluem:
Reduzir as comparações: É importante lembrar que as redes sociais não refletem a vida real.
Reavaliar metas: Em vez de focar no que não foi alcançado é melhor celebrar pequenas conquistas ao longo do ano e reavaliar metas de forma realista para o próximo ciclo.
Aceitar o incompleto: Nem tudo precisa ser finalizado antes do novo ano começar. Muitas vezes, as pessoas querem terminar tudo em dezembro, mas a vida continua. Projetos podem ser retomados e concluídos com calma no futuro.
Buscar ajuda: Se os sentimentos de angústia forem muito intensos, procurar ajuda de amigos e psicológica pode ser uma forma eficaz de lidar com essas emoções.
Sobre a psicanalista
Rachel Poubel é psicanalista e aceleradora de carreira, com mais de dez anos de experiência, e um histórico de mais de 3 mil vidas transformadas ao redor do mundo.
O público alvo da profissional são pessoas que queiram tratar emoções e problemas como ansiedade e burnout, por exemplo, e que desejam evoluir e descobrir seu propósito de vida.
Rachel Poubel atende em consultório, em Linhares, no Espírito Santo, e também de forma online.