A exposição ‘Santídio Pereira: paisagens férteis’ reúne no MAM cerca de 30 obras, entre gravuras, pinturas e objetos
O Museu de Arte Moderna de São Paulo apresentará entre 2 de abril e 1 de setembro uma exposição inédita do artista Santídio Pereira. Com curadoria de Cauê Alves, curador-chefe do MAM, a exposição Santídio Pereira: paisagens férteis reúne na Sala Paulo Figueiredo mais de 30 obras – algumas, inéditas -, entre gravuras, pinturas e objetos produzidos pelo artista em um período entre 2017 e 2024.
Nascido em Isaías Coelho, no interior do Piauí, Santídio Pereira se mudou com a família para São Paulo ainda criança e, aos oito anos de idade, foi matriculado pela mãe no Instituto Acaia, uma organização criada pela artista Elisa Bracher. Lá, ele entrou em contato com uma grande variedade de técnicas artísticas e, mais tarde, aprofundou-se na gravura no Xiloceasa, idealizado pelos artistas Fabrício Lopez e Flávio Capi.
Com uma trajetória profícua em instituições brasileiras e mundo afora, Santídio apresenta em Paisagens férteis sua pesquisa em torno das imagens de biomas brasileiros, da Amazônia à Mata Atlântica, passando por paisagens que fizeram parte de suas vivências e carregando especialmente as observações que faz em meio à natureza.
O curador Cauê Alves selecionou gravuras, objetos e pinturas de Santídio que trazem imagens de paisagens montanhosas e de plantas como bromélias e mandacarus. Esses motivos nas obras do artista derivam de suas experiências imersivas nos biomas brasileiros, durante viagens em que se dispõe a observar a geografia e a vegetação com atenção. Parte delas também são fruto das memórias da infância no Piauí que ele carrega consigo.
As imagens, porém, não são apenas reproduções do que Santídio enxerga, mas criações. O curador explica que “a referência a uma espécie de planta específica, que está disponível aos seus olhos, não se opõe à imaginação, ou seja, à mentalização de algo que não está presente. É como se ele interpretasse o que viu e o que lembra do que viu, mas de modo diferente, novo, já que vai além do que se passou e do que se recorda”.
Conhecido inicialmente por seus trabalhos com xilogravura, Santídio começou a se dedicar também à pintura com guache e à feitura de objetos nos últimos anos. A exposição no MAM será a primeira a exibir, no Brasil, esses objetos e as guaches. Santídio comenta que, a partir dessas experimentações, passou a criar objetos que podem ser impressos, e não mais matrizes.
Já as pinturas surgem a partir da vontade que ele teve em trabalhar com a materialidade do guache. “São trabalhos relativamente menores que as xilogravuras, mas são trabalhos que levam para um lugar completamente distinto. Não pelo tema, mas pela materialidade, porque a materialidade da tinta da gravura é um tanto brilhante, é um pouco oleosa, enquanto a materialidade da guache, do jeito que trabalho, é mais opaca”, explica o artista. Para ele, essa característica opaca da pintura à guache transmite uma maior profundidade no trabalho, “como se o trabalho em guache abraçasse e o trabalho em gravura tomasse uma certa distância”.
Em seu texto curatorial, Cauê Alves destaca o olhar atento e a sensibilidade rara de Santídio Pereira, enfatizando o modo com que ele se relaciona com o mundo. “Sua história de vida é uma exceção, e a visibilidade que seu trabalho alcançou é atípica no meio da arte. Ele soube relacionar sua liberdade com aquilo que era, de fato, necessário para ele, apostando na invenção, mas sem renunciar ao trabalho ou abandonar suas origens”, comenta o curador.
Sobre o artista
Nascido em 1996 em Isaías Coelho, no Piauí, Santídio Pereira vive e trabalha em São Paulo. Estudou História da Arte com o crítico e curador Rodrigo Naves, e é graduado em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo.
A trajetória de Santídio Pereira tem sido permeada pela experimentação e estudo constante sobre os preceitos artísticos, impulsionando um desejo de criação e inovação dos padrões pré-estabelecidos, tanto no aspecto formal, quanto conceitual das linguagens artísticas. Seu trabalho já foi exibido em instituições brasileiras como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre), Centro Cultural São Paulo, Paço das Artes, MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, e MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo (todos em São Paulo) em exposições de espaços e instituições internacionais como a Galería Xippas (Punta del Este, Uruguay), b[x] Gallery (Nova York, EUA), Bortolami Gallery (Nova York, EUA), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain – Triennale di Milano (Milão, Itália), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (Paris, França), Power Station of Art (Xangai, China), dentre outros. Seu trabalho integra em coleções importantes, como Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil), Coleção Cisneros (EUA), Acervo Sesc de Artes (Brasil), Museu de Arte do Rio – MAR (Brasil) e Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (França). Santídio também foi contemplado com o Prêmio Piza (2021, Paris, França), além de ter participado da AnnexB Residência Artística (2019, Nova York, EUA).
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.
O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, peças de teatro, sessões de filmes e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.
Serviço:
Santídio Pereira: paisagens férteis
Curadoria: Cauê Alves
Abertura: 02 de abril, terça-feira, às 19h
Período expositivo: 03 de abril a 01 de setembro de 2024
Local: Sala Paulo Figueiredo, Museu de Arte Moderna de São Paulo
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – acesso pelos portões 1 e 3)
Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
Ingressos: R$30,00 inteira e R$15,00 meia-entrada. Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser. Para ingressos antecipados, acesse mam.org.br/visite
*Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo, com identificação; amigos e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.