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Home Brasil

“MENTIRAS FLUIRÃO DOS MEUS LÁBIOS”

Rogério Newton por Rogério Newton
22 de maio de 2025
em Brasil, Cultura, Educação, Literatura, Mundo, Piauí, Rogério Newton
0
“MENTIRAS FLUIRÃO DOS MEUS LÁBIOS”

No ensaio A Room of One’s Own (cujo título, em português, recebeu

pelo menos duas traduções: Um Teto Todo Seu e Um Quarto Só Para Si), Virginia Wolf discorre

sobre o tema as mulheres e a ficção e – claro – não pode deixar de falar sobre a situação das

mulheres oprimidas pela estrutura familiar e pelo patriarcalismo reinante na sociedade inglesa

da época. Já no início do texto, a escritora antecipa a conclusão: se a mulher desejar escrever

ficção, deve ter dinheiro e um teto todo seu. Não precisa dizer que a literatura inglesa era

território dominado pelos homens.

A inquietação de Virginia Wolf me veio a propósito do lançamento, em

Teresina, de dois livros: exames aleatórios de imagens, segundo livro de poesia de Laís

Romero, e o dia escuro – contos inquietantes de autoras brasileiras, coletânea de contos

escritos por vinte mulheres, entre as quais, Laís. Além dos aspectos literários que tais livros

podem suscitar, senti vontade de fazer uma pequena incursão ao tema que poderíamos

chamar de as mulheres e a ficção no Piauí.

E começo relembrando duas coletâneas de contos editadas em

Teresina: Ô de Casa! (Editora Nossa, 1977) e O Conto na Literatura Piauiense (COMEPI,

1981). Em ambas, a totalidade de contistas seria de homens, não fosse a participação de Ana

Clélia de Freitas no segundo livro citado. Mas a presença das autoras de prosa de ficção

aumentou. O número de mulheres subiu para oito em Caçuá (FUNDAPI, 2020) entre 44

contistas daquela coletânea.

Na Roda de Conversa com Laís Romero, mediada por Eulália Teixeira,

ocorrida numa quinta-feira (30/01), na Entrelivros Livraria, perguntei onde estavam as

mulheres contistas, que praticamente não figuravam nas coletâneas de contos no Piauí. Laís

Romero respondeu algo que reproduzo com minhas palavras, sujeitas a erro, mas que na

essência foi o seguinte: as mulheres, que poderiam ser contistas, estavam cuidando das casas

dos maridos contistas e dos filhos que seriam contistas.

Voltando ao ensaio de Virginia Wolf, este certamente serve para uma

reflexão sobre a situação da mulher escritora no Brasil e no Piauí, onde a literatura foi durante

muito tempo território predominantemente masculino. Dentro da sociedade patriarcal

extremamente rígida, a mulher não tinha vez e voz. Vivendo sob condições que tolhiam seus

passos e sua imaginação, como poderia a mulher escrever, criar? Tais condições favoreciam

um estado de espírito propício para o ato de criação? Ou, por outra, há um estado de espírito

adequado para essa “estranha atividade”?

A julgar pelo que escreveram os próprios escritores sobre o ofício de

escrever, criar uma obra de gênio “é um fato de prodigiosa dificuldade”. Tudo concorre para

que a mente não tenha um estado adequado para a criação. As dificuldades são de duas

ordens: materiais e imateriais. Dentre as primeiras, pode-se mencionar a luta pela

sobrevivência, doenças, falta de tempo, interrupções, barulhos. Mas a pior de todas é a “notória

indiferença do mundo”. Por isso, nenhum livro provavelmente nasce livre de mutilações.

Se essas são dificuldades “normais” para o escritor, o que se dirá das

escritoras? Segundo Virginia Wolf, “essas dificuldades eram infinitamente mais descomunais”

para as mulheres. As mulheres não tinham um lugar, um quarto, onde pudessem escrever livre

de interferências, nem tampouco possuíam dinheiro suficiente para um mínimo de autonomia.

Entretanto, as dificuldades imateriais eram as piores.

“A indiferença do mundo, que Keats e Flaubert e outros homens de

gênio tiveram tanta dificuldade de suportar, não era, no caso da mulher, indiferença, mas sim,

hostilidade. O mundo não lhe dizia, como a eles: ‘Escreva, se quiser; não faz nenhuma

diferença para mim’. O mundo dizia numa gargalhada: ‘Escrever? E que há de bom no fato de

você escrever?’”

Mesmo que os pais ou o marido não dissessem tais coisas, estas já

estavam na consciência da mulher, isto é, as interdições, veladas ou não: você não pode fazer

isso; não pode aquilo; é incapaz daquilo outro. A mulher, mesmo no século XIX, não era

estimulada a ser artista. “Pelo contrário, era tratada com arrogância, esbofeteada, submetida a

sermões e admoestada”.

Estava alinhavando este texto quando li o artigo Leia Mulheres: pode a

provocação causar uma revolução?, de Dani Marques, na revista Peleja, a ser lançada este

mês. Ela afirma: “A produção de autoria feminina piauiense sempre existiu, porém, não existia

um olhar apurado sobre”. Citando os coletivos Leia Mulheres e Mulherio das Letras, Dani

Marques diz que “Foi no coletivo que as mulheres perceberam que só assim esse cenário

poderia ser mudado. (…) Sem precisar do aval masculino, as mulheres conseguiram resgatar

confiança nas suas produções. O coletivo foi um catalisador para a libertação”.

Como nada acontece por acaso, fui neste final de semana a uma

cerimônia de casamento católico. Alguém fez a leitura de um trecho da Carta aos Efésios, em

que São Paulo afirma: “As mulheres sejam submissas aos seus maridos, como ao Senhor, pois

o marido é o chefe da mulher”. Ideias como essa ainda são presentes na (des)ordem dos dias.

Esse o contexto que queria sugerir antes de falar um pouco sobre o dia

escuro – contos inquietantes de autoras brasileiras. Talvez nem me ocuparia dele, não fosse a

participação da escritora piauiense Laís Romero e se eu não estivesse presente na Roda de

Conversa na Entrelivros Livraria.

Trata-se de uma coletânea organizada por Fabiane Secches e Socorro

Acioli, editada com o selo da Companhia das Letras. São vinte mulheres contistas. Diferente

das publicações em que predominam autores do famoso “eixo Rio-São Paulo”, o dia escuro

reúne autoras nascidas em Juazeiro do Norte, Recife, Teresina, Fortaleza, João Pessoa,

Goiânia, Belo Horizonte, Santos, Campinas, São Paulo, Bento Gonçalves, Rio de Janeiro. As

únicas “estrangeiras” são Carola Saavedra, do Chile, e Trudruá Dorrico, do povo Makuxi.

Não vou analisar os “contos inquietantes” do livro, primeiro porque não

sei e depois porque estou lendo devagar, para não ficar com inquietação além da que podem

suportar meus nervos e minha pobre cabecinha. Mas digo: os contos que li até agora me

agradaram, com a atmosfera de noites e dias perturbadores e desconcertantes, que talvez

imitem esses “tempos de fúria”. Não sei explicar por que contos e realidade são assim.

Antes de Cão dos Infernos, que integra o dia escuro, Laís Romero havia

publicado Amor de antigos, conto da coleção Pé de Amora, que seleciona textos inéditos de

novas autoras. Ambos são boas experiências, mas Cão dos Infernos leva vantagem pela

densidade, pela coragem, pois escrever com medo não pode resultar nada que preste, e pela

energia mobilizada para nocautear leitoras e leitores ao virar da última linha.

Aludindo, outra vez, a Virginia Wolf, o que ela diz às mulheres é que

devem ir à luta. Acho que Laís Romero faz isso – ela e outras autoras piauienses. Seu percurso

evolutivo como escritora e poeta sugere um ativismo que inclui dois livros autorais,

participações em revistas, recitais, coletâneas, grupos de mulheres leitoras e autoras, cursos

de aperfeiçoamento da escrita e a presença alerta em quase tudo que diz respeito a literatura e

poesia em Teresina, com interlocuções com escritoras e escritores desse movimento que é

nacional também.

Como estamos falando de prosa de ficção, quero lembrar aqui o que

disse o romancista José Américo de Almeida no prólogo de A Bagaceira: “Há muitas formas de

dizer a verdade. Talvez a mais persuasiva seja a que tem a aparência de mentira”. E Virginia

Wolf, sem a qual este texto não haveria de ser escrito: “mentiras fluirão dos meus lábios, mas

talvez possa haver alguma verdade no meio delas: cabe a vocês buscar essa verdade e decidir

se vale a pena conservar algo dela”. A autora coloca definitivamente essa questão nas mãos

de leitoras e leitores.

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Tags: culturadestaqueescritoralivromulherpiauipiauí

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