Marcelo Costa, do sertao.online
Depois de assistir ao vídeo do Thiago Ferreira, do Canal e editora Comix Zone, intitulado “Eu quero que a Panini vá à falência”, senti vontade de contribuir com o tema, acrescentando minha opinião.
Confesso não ter feito nenhuma pesquisa história antes de começar a escrever esse texto, justamente por acreditar que meus sentimentos, pelo menos neste caso, sejam mais importantes para fazer compreender a mensagem que quero passar.
Quando comecei a ler histórias em quadrinhos, isso ainda em meados da década de 1980, a realidade era completamente diferente, e ainda contando com o agravante de morar em uma cidade relativamente pequena em comparação aos grandes centros.
Nós leitores daquela época tivemos a grande felicidade de viver em um dos períodos mais ricos nesta área, quando foram lançados alguns dos maiores clássicos dos quadrinhos, como o Cavaleiro das Trevas, do Frank Miller, Watchmen, Sandman e A Piada Mortal. Por outro lado, demorava muito para surgir nas bancas alguma novidade.
Junto com alguns amigos “viciados” em hqs, sempre que terminavam as aulas do dia, percorríamos todas as bancas do centro da cidade em busca de algum lançamento, mas nem sempre tínhamos sucesso nesta missão.
Como disse no início, não realizei nenhuma pesquisa, mas é muito claro na memória a informação de que antes de chegar no Brasil, uma publicação dessas demorava até três anos, mesmo falando de editora Abril, uma grande potência do mercado editorial naquela época. Da mesma forma com outras editoras, como a Globo. Tínhamos histórias marcantes, como as Graphic Novels, mas com um período de lançamento muito largo. No mais, eram editoras que heroicamente lutavam para manter o mercado vivo. Em nome da Opera Graphica, agradeço a todas as demais.
Não podemos deixar de lembrar também que vivíamos sob constante medo de falência do mercado de histórias em quadrinhos no Brasil. Como a internet ainda não era uma realidade no Brasil não tínhamos a noção do tamanho do número de leitores e colecionadores no país. A impressão é que esse montante era bem pequeno e que não daria para manter o mercado vivo por muito tempo.
Em razão disso, nos assusta tanto quando vemos colecionadores praticamente torcendo pela falência de uma empresa como a Panini. Não estou querendo apaziguar os erros, as falhas e até mesmo situações bem complicadas, principalmente a tocante a preços.
Mas a solução é acabar? Qual editora, aqui no Brasil, teria condições de assumir esse papel? Ah, então devemos baixar a cabeça e aceitar tudo calado? Também não!
Não podemos esquecer que apesar da Panini ser uma “fábrica de sonhos”, é uma empresa, e como tal depende das vendas, sofre com a alta dólar e não sente nenhum prazer em cometer erros.
Não tenho soluções mágicas para apresentar aqui, apenas sugestões. Uma delas é que a Panini volte a abrir um bom canal de diálogo com os leitores! Boas amizades se constroem com boas conversas! É claro que sempre vai existir um heater mais exaltado, mas também sempre teremos leitores mais apaixonados com boas dicas de como o mercado se manter firme, o que é bom para todos!