O general Antonio Amaro, chefe do Estado-Maior do Exército, disse nesta quinta-feira (8), em evento com o presidente Jair Bolsonaro, que “minha espada não tem partido”. Amaro lembrou que a frase é uma citação do patrono do Exército, Duque de Caxias.
A separação entre a política e as Forças Armadas tem sido um tema central em Brasília desde a última semana, quando Bolsonaro demitiu o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.
Como consequência da demissão, os comandantes das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) saíram dos cargos. O movimento suscitou avaliações de que Bolsonaro quer das Forças um maior alinhamento ao governo.
Amaro e o presidente participaram, no Clube do Exército, de uma cerimônia de promoção de generais. Em seu discurso, o chefe do Estado-Maior lembrou que a frase de Caxias foi usada também por Bolsonaro, em discurso no Dia do Soldado, em 2020.
“A virtude personificada por Caxias já mereceu também, por parte do comandante supremo das Forças Armadas [Bolsonaro], uma referência especial por ocasião do Dia do Soldado de 2020. Naquela ocasião, o presidente da República, Jair Bolsonaro, fez citação à famosa frase proferida pelo Duque, que sendo ele do partido conservador, mas compromissado com a pátria, ao ser convidado pelo imperador Dom Pedro II para ser o comandante em chefe na Guerra da Tríplice Aliança, assim declarou: ‘Aceito o convite, a minha espada não tem partido'”, disse Amaro.
O chefe do Estado-Maior disse ainda que os generais recém promovidos devem zelar pela hierarquia na tropa. Amaro lembrou aos generais de que os soldados devem ser “guardiões” da vocação principal da Força: defender a pátria.
“Neles [nos soldados], a destreza técnica e a habilidade para refrega devem continuar amparadas nas rígidas bases da hierarquia e da disciplina e na prática dos valores morais mais caros à nossa sociedade”, continuou o general.
O presidente Jair Bolsonaro discursou em seguida. Ele defendeu o limite das “quatro linhas da Constituição” e disse que não se pode aceitar alguém que queira atuar fora desse “balizamento”.
“Nós atuamos dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Devemos, e sempre agiremos assim. Por outro lado, não podemos admitir quem por ventura queira sair desse balizamento”, afirmou o presidente.
Bolsonaro também disse que “os momentos são difíceis” e que “vivemos uma fase um tanto imprecisa”, mas não especificou a que situação se referia.
“Os momentos são difíceis. Vivemos uma fase um tanto quanto imprecisa, mas temos a certeza, pelo nosso compromisso, pela nossa tradição, sempre teremos como lema a nossa bandeira verde e amarela e a nossa perfeita sintonia com desejos da nossa população. Assim agiremos”, completou Bolsonaro.