Brasileira de 135kg diz ter aprendido a gostar do seu corpo quando começou no esporte: “Era muito grande, desde a escola, então não me sentia confortável, nunca tive alguém igual a mim “
Mais do que uma medalha de ouro olímpica, o judô deu a Beatriz Souza um espelho para enxergar a própria beleza. Bia, que compete na categoria acima de 78 kg e pesa 135 kg, sempre foi uma mulher grande, mesmo ainda na infância e adolescência, quando era maior que as amigas da escola.
E só aprendeu a amar seu corpo quando entrou para o judô de alto rendimento e conheceu outras mulheres fortes como ela, atletas poderosas que conquistam medalhas em categorias mais pesadas, como as outras medalhistas de Paris e sua treinadora, a ex-judoca brasileira Maria Suelen Altheman.
“Era um diferencial, sempre fui muito alta em relação às minhas amigas, muito grande, desde a escola. Então não me sentia confortável, nunca tive alguém igual a mim para dividir. Quando eu fui para o alto rendimento, conheci grandes mulheres, como a Maria Suelen, que me mostraram que meu corpo é meu material de trabalho”, contou a atleta de 26 anos.
Bia, de 26 anos, foi conquistando pódios em Mundiais e outros torneios internacionais e ganhando autoestima.
“Se eu não amar meu corpo, quem vai amar? Quem vai trabalhar para que eu tenha condições físicas para competir e me sentir bem? Tenho que me amar não só por ser meu material de trabalho, sou feliz assim, minha beleza importa, sou linda”, disse, com um largo sorriso no rosto e fazendo pose mandando um beijo.
Maria Suelen hoje é sua treinadora. Mas até 2021 era sua concorrente por uma vaga na seleção. A agora campeã olímpica Beatriz Souza, hoje com 26 anos, viveu uma grande frustração há três anos, quando ficou fora das Olimpíadas de Tóquio. Na época, Bia Souza já era uma das melhores do mundo em sua categoria, mas perdeu a vaga para a amiga. No judô, apenas um atleta por país pode lutar em cada categoria.
“Eu precisava aprender algumas lições para chegar aqui mais bem preparada, Deus tem um plano para cada um. Ali, qualquer uma que fosse, o Brasil estaria bem representado. Fiquei chateada na época, mas sabia que seria um aprendizado”, disse Bia, com a certeza de que a vaga para os Jogos Olímpicos chegou na hora certa, quando a judoca estava madura e pronta para subir ao lugar mais alto do pódio.