De acordo com Rios, João Pessoa, filho do então prefeito Doutor Pessoa e presidente da ETURB, determinava quais empresas deveriam receber pagamentos. Ele afirmou que essas determinações eram feitas por meio de listas elaboradas e repassadas ao gabinete do prefeito, com ordens para que os pagamentos fossem realizados somente com sua autorização, a partir do final de 2022.
Rios relatou que orientou a então secretária de Finanças, Odimirtes, a receber as listas e a manuseá-las com cuidado para preservar impressões digitais. Posteriormente, ele entregou a documentação e outras informações ao Ministério Público. Ele também mencionou que a Polícia Civil do Piauí não demonstrou interesse em ouvi-lo sobre o caso.
O ex-secretário expressou incerteza sobre o andamento das investigações, ressaltando que foi instruído a manter silêncio há mais de dois anos. “Me pediram na época para que eu mantivesse silêncio, mas como isso está com dois anos e meio, eu posso falar, porque delegado há 40 anos eu sei quanto tempo dura uma investigação”, ironizou Rios.
Rios detalhou o início do suposto esquema, relatando um episódio ocorrido por volta de 30 de dezembro de 2022. Segundo ele, João Pessoa teria comunicado à secretária Odimirtes que todos os pagamentos só seriam efetuados mediante sua autorização e mediante a entrega de listas com as empresas a serem pagas. Inicialmente, a secretária teria duvidado da informação, mas o prefeito Doutor Pessoa confirmou a ordem.
Diante da confirmação, Robert Rios instruiu a secretária a receber as listas sem tocá-las diretamente, guardando-as em um envelope. Ele descreveu ter pegado essas listas, que continham nomes de cerca de 20 empresas cada, e as entregou ao promotor Malato. Rios afirmou que essas listas deveriam conter as impressões digitais de João Pessoa e que a documentação seria encontrada nos registros da ETURB.
O ex-secretário disse ter prestado dois depoimentos ao Ministério Público e procurado um delegado da unidade de corrupção. Ele se ofereceu para depor, mas seu depoimento não foi coletado. Rios também comentou que “A ROUBALHEIRA era a regra” na Prefeitura de Teresina.
