No entanto, há pessimismo no Planalto quanto à disposição da Casa Branca em negociar. A avaliação é que o governo americano pretende iniciar discussões apenas após a entrada em vigor das tarifas, marcada para 1º de agosto, como estratégia para fortalecer seu poder de barganha.
Fontes governamentais indicam que os canais de comunicação com a Casa Branca estão restritos. Apesar das tentativas de contato com o Departamento de Comércio, o Tesouro e outras instâncias da administração americana, o Planalto relata dificuldades em estabelecer uma comunicação direta com o núcleo político do governo Trump.
Um interlocutor próximo a Lula declarou que o Brasil permanecerá aberto ao diálogo, mas ressaltou que existem limites claros: “A soberania não é negociável”, afirmou. Essa fonte acrescentou que o governo brasileiro rejeita qualquer tentativa de interferência nas decisões do Supremo Tribunal Federal ou em sistemas como o Pix.
Integrantes do Planalto também mencionaram que há um desconforto no governo americano em relação ao Pix, sob a alegação de que o sistema afetaria a rentabilidade de empresas americanas, incluindo operadoras.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou aos Estados Unidos no domingo e pode se dirigir a Washington se o governo americano demonstrar interesse em discutir alternativas ao tarifaço. Oficialmente, Vieira cumpre agenda na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, com foco na questão palestina.
Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o aumento das tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros pode afetar aproximadamente 10.000 empresas brasileiras exportadoras para o mercado norte-americano. Essas empresas, em conjunto, empregam cerca de 3,2 milhões de pessoas no Brasil.
Neste mês, o vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que empresas norte-americanas com operações no Brasil, como General Motors, Johnson & Johnson e Caterpillar, também seriam prejudicadas pela tarifa anunciada por Trump. “Nós queremos todo mundo unido para resolver essa questão. E as empresas têm um papel importante, tanto as brasileiras, que, aliás tem empresa brasileira que tem indústria nos Estados Unidos, quanto as empresas americanas”, declarou Alckmin.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que a equipe econômica está elaborando um plano de contingência para apoiar os setores que forem impactados pelo tarifaço. “Não vamos deixar ao desalento os trabalhadores brasileiros, vamos tomar medidas necessárias”, assegurou o ministro.