Fertilizantes químicos, essenciais para a preparação e o estímulo do solo para o plantio, são vitais para a produção agrícola brasileira.
A situação se intensifica com medidas anteriores do presidente Donald Trump, que aplicou tarifas adicionais à Índia em 6 de agosto por aquisição de petróleo russo, alegando que tais transações financiam a guerra na Ucrânia.
Carlos Cogo, da Consultoria Cogo, alertou que barreiras comerciais adicionais contra a Rússia poderiam impactar negativamente a produção de alimentos no Brasil, elevando os custos para agricultores e consumidores.
Segundo Cogo, a dependência brasileira da importação de fertilizantes torna o país vulnerável a flutuações e aumentos de preço decorrentes de políticas internacionais.
A Rússia é um dos maiores produtores globais de fertilizantes, ocupando a segunda posição em produtos potássicos e nitrogenados e a quarta em fosfatados. Em 2024, o país foi o principal fornecedor desses insumos para o Brasil.
A substituição da Rússia como fornecedor seria um processo complexo, exigindo reestruturação logística e negociações diplomáticas para firmar novos acordos e acessar outros mercados, conforme Cogo.
Alternativas potenciais incluem a expansão de parcerias com países como Canadá, Marrocos e Nigéria, além de nações do Oriente Médio, embora outros compradores também busquem diversificar seus fornecedores, intensificando a concorrência.
O Brasil, quarto maior consumidor mundial de fertilizantes, depende da importação devido a características de seu solo e logística. O solo brasileiro, especialmente no Cerrado, é naturalmente pobre em nutrientes como fósforo e potássio, além de apresentar alta acidez.
O clima tropical do país contribui para a rápida perda de nutrientes do solo através da lixiviação, diferentemente de solos de clima temperado, que são mais férteis e retêm nutrientes por mais tempo.
A agricultura intensiva, com múltiplas safras anuais, aumenta a demanda por reposição constante de nutrientes. Culturas de exportação como soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão requerem grandes volumes de fertilizantes para manter sua produtividade.
O Brasil possui um Plano Nacional de Fertilizantes, criado em 2022, com o objetivo de elevar a produção nacional para 45-50% do consumo até 2050. O governo planeja investir mais de R$ 25 bilhões até 2030 para atingir essa meta, conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária.
Cogo enfatiza a necessidade de investimentos substanciais, incentivos e melhorias na infraestrutura para impulsionar a produção interna de fertilizantes.
- Faltam matérias-primas: Reservas domésticas de componentes essenciais como nitrogênio e potássio são limitadas. O potássio é dominado por países como Canadá, Rússia e Bielorrússia, enquanto a produção nacional de nitrogenados compete com países com gás natural mais barato. Reservas de fosfato no Brasil são de menor qualidade e mais caras de extrair.
- Demanda alta: A produção nacional não atende à demanda da agricultura brasileira, que necessita de adubação frequente devido à pobreza nutricional do solo e à agricultura intensiva voltada para exportação.
- Altos custos: A importação é frequentemente mais econômica devido aos altos custos logísticos e infraestrutura limitada no Brasil.